São Paulo, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Lançamento de álbum a fim de curar a dor

Por ALAN LIGHT
STAMFORD, Connecticut - No verão americano passado, Gregg Allman estava na clínica Mayo de Jacksonville, Flórida, recuperando-se de um transplante de fígado. Vocalista principal e tecladista da Allman Brothers Band, Allman, 63, passara três anos, desde o recebimento do diagnóstico de hepatite C em 2007, esperando por um doador compatível. A operação foi um sucesso, mas não foi fácil.
"Não pensei na dor depois", disse Allman. "Mas, enquanto eu estava me recuperando, eu sabia que tinha este disco em fase de criação e, pensar nisso, realmente me animava. Quando as coisas ficavam ruins, com muita dor, eu pensava no disco, e era como um sistema médico de suporte à vida."
Allman está animado e em melhor forma física. Ele acaba de lançar "Low Country Blues", música que o ajudou a se recuperar, além de ser seu primeiro álbum solo em 14 anos.
Arquiteto do que veio a ser conhecido como rock sulista, o grupo Allman ainda é uma das bandas mais populares no circuito das turnês. Desde que Gregg Allman e seu irmão Duane, virtuose da guitarra, fundaram o grupo, em 1969, a banda lançou 11 álbuns de ouro e cinco de platina. Quando Duane Allman morreu em um acidente de moto, em 1971, os Allman, que misturavam uma fundação de blues intransigente com improvisações ousadas, poderiam ter se tornado a maior banda dos Estados Unidos. Mas as ótimas vendas de ingressos de seus shows recentes comprovam que seus fãs continuam devotados e instigados.
Após a morte em 2002 de Tom Dowd, que foi o produtor dos Allman Brothers por muitos anos, Greg Allman hesitou em trabalhar com outra pessoa. "Depois da morte dele, eu não queria conhecer produtores, pois isso me parecia um retrocesso", explicou.
Quando uma turnê da banda chegava ao fim, dois anos atrás, o empresário de Allman pediu a ele que fizesse uma escala em Memphis, onde ele foi apresentado a T Bone Burnett, o produtor responsável pelos álbuns "Raising Sand", de Robert Plant e Alison Krauss, o recente "Union", de Elton John e Leon Russell, e a trilha sonora de "E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?".
"Crescemos na mesma época, na mesma mistura de blues e R&B sulista", disse Burnett.
Allman concordou em gravar um álbum com ele, sem o restante da banda. Quando chegou, o pianista Mac Rebennack, conhecido como Dr. John, estava ali para contribuir com seu conhecimento enciclopédico do blues e do vodu de Nova Orleans.
Rebennack -que vai se juntar aos Allman Brothers no Hall da Fama do Rock and Roll- compartilha com o cantor histórico de problemas com drogas.
Allman recordou uma festa nos anos 1970, época de seu casamento turbulento com Cher. "Eu fiquei acabado, e Mac me ajudou -me impediu de ficar em situação realmente constrangedora."
Os dois gravaram 15 canções em duas semanas, quase imediatamente optando por um som acústico particular.
Onde o blues tocado pelos Allman Brothers é espalhado e expansivo, esta música é intimista, arranjada cuidadosamente, mas nunca rígida.
A voz profunda e rouca de Allman passa sem dificuldade do country blues comovente de Sleepy John Estes e Skip James para o caráter mais incisivo de canções de Magic Sam e Otis Rush. "Just Another Rider", de Greg Mr. Allman e Warren Haynes, guitarrista dos Allman Brothers, se insere nesse misto sem dificuldade.
"Levamos o blues para um lugar além", disse Allman. "Tudo se encaixou. Foi espantoso."


Texto Anterior: Arte moderna feita entre pedras muito antigas
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.