Por ALEX WILLIAMS

Renaud Dutreil, presidente da unidade norte-americana do conglomerado de luxo e moda LVMH, sai para trabalhar em seu escritório em Manhattan quase todas as manhãs pedalando uma estilosa bicicleta holandesa Gazelle preta.
Desde sua mesa de trabalho -sobre a qual está pendurada uma foto feita em 1952 por Robert Randall, de uma mulher pedalando no campo usando um traje de flanela cinza da Christian Dior- Dutreil comanda as operações comerciais da LVMH, dona de várias grifes que recentemente vêm focando as bicicletas.
A Fendi, por exemplo, lançou recentemente a Abici Amante Donna, uma bicicleta de US$ 5.900 feita à mão, com nécessaire montada na frente e alforjes de couro Selleria (a versão que vem com os alforjes opcionais de pele custa US$ 9.500).
Na Louis Vuitton, o estilista Paul Helbers evocou o estilo mensageiro ciclista nos desfiles de Paris em junho. Na primavera europeia passada, outra grife da LVMH, a DKNY, ajudou a executar o Desafio Bicicleta com Estilo, no qual se pediu a candidatos a estilistas que criassem roupa "fashion" para ciclismo. E, em junho, a Hublot, fabricante de relógios de luxo, fez parceria com a suíça BMC para criar uma bicicleta preta elegante de 11 marchas, por US$ 20 mil.
Até pouco tempo atrás, as bicicletas estavam em alta, simplesmente. Ultimamente, porém, estão virando "fashion". Enquanto as empresas de moda começam a vender bicicletas e equipamentos de ciclismo, Renaud Dutreil, que participa de programas de divulgação do uso da bicicleta em Nova York, diz que gostaria de ver mais ciclistas pedalando em grande estilo, como a mulher na foto de Randall.
"Uma mulher ou um homem elegantes andando numa bicicleta igualmente elegante -essa é a nova arte de viver", disse ele.
Alguns puristas temem que suas amadas bikes estejam sendo convertidas em símbolo de status. "Há um lado negativo de se andar de bicicleta quando isso vira modismo", escreveu por e-mail a jornalista Wendy Booher, 39, de Somerville, Massachusetts. "Se você soltar nas ruas da cidade grande uma multidão de fashionistas cambaleantes que não sabem andar de bicicleta no trânsito, pode haver acidentes -e até provável que haja."
Mas, nos últimos anos, alguns estilistas vêm vendendo roupas ecológicas, de modo que faz sentido que alguns deles acabem adotando a forma de transporte mais verde que existe.
"A indústria do luxo precisa indicar um novo caminho a ser seguido", explicou Dutreil, da LVMH. "É muito lógico vincular a elegância e a arte de viver a um dever novo, que é o respeito por nosso meio ambiente."


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