São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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ENSAIO - PEGGY KLAUS

Executivas ainda navegam em estereótipos

Como as mulheres devem enfrentar um critério duplo? No ano passado, enquanto eu trabalhava com mulheres corporativas de vários setores, níveis de emprego e gerações, uma antiga questão ressurgiu. Elas estavam obcecadas por serem rotuladas de "bitch" ("cadela", que nos EUA tem o sentido de prepotente), e em um grau que eu não via desde a década de 1990. O motivo desse nervosismo? Claro, elas viam mulheres repulsivas em reality shows na TV. E suportaram toda a ridicularização de Sarah Palin e Hillary Clinton durante a campanha presidencial de 2008 nos EUA. Mas havia uma questão mais pessoal. Como disse uma mulher: "Ainda hoje, um sujeito grita uma ordem e é tratado como alguém que está no comando, um líder. Mas, quando uma mulher se comunica exatamente da mesma forma, logo é rotulada de assertiva, dominadora, agressiva e prepotente". Hoje, as mulheres constituem a metade da força de trabalho e a metade dos matriculados em faculdades de medicina e direito. Tais números sugerem que elas poderiam finalmente relaxar e parar de se preocupar com como são vistas no escritório. Mas as mulheres ainda precisam lidar com um duplo critério arraigado quando se trata do comportamento aceitável para os gêneros. Por causa disso, muitas vezes são vítimas de atos autodepreciativos que podem prejudicar suas carreiras. Elas podem assumir uma abordagem estridente de comando e controle, ou tornar-se passivas -fechando-se, deixando de perguntar o que precisam e se recusando a delegar tarefas. Considere uma de minhas clientes, cujo subordinado homem havia errado uma análise financeira. Ela relutou em dizer a seu empregado que ele havia agido mal, com medo de como ela seria vista. Em vez de pedir que ele refizesse o trabalho, ela pretendia consertar o relatório pessoalmente. É difícil culpá-la por esse tipo de comportamento, especialmente quando você examina as pesquisas. Estudo da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, e da Universidade Harvard deu aos participantes descrições de homens e mulheres com qualificações equivalentes que se candidatavam a um emprego fictício. Quando souberam que alguns candidatos haviam tentado negociar um salário maior, os participantes do estudo -fossem homens ou mulheres- acharam duas vezes mais erradas as mulheres que negociaram do que os homens que o fizeram. Tradução: mulheres impositivas têm menor probabilidade de serem contratadas. Então, como elas podem ser fortes e deter o controle, diante dessa faixa mais estreita de comportamento aceitável? Podem começar modificando seu estilo de comunicação, resistindo aos extremos da força e da timidez. Quando sugiro às mulheres que façam ajustes de comunicação, geralmente há uma reação. "Por que temos de mudar? Não é justo", elas dizem. Mas as mulheres precisam ser mais inteligentes e usar mais fineza ao transmitir suas mensagens. Precisamos nos tornar melhores comunicadoras camaleoas e interpretar nosso público, adaptando nosso estilo às circunstâncias. Não estou pedindo que você desista da sua alma -mas sim que exercite novos músculos de comunicação para que seja ouvida em uma variedade de situações. O objetivo é que as pessoas recebam a mensagem sem que queiram revidar contra você.

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