São Paulo, segunda-feira, 22 de junho de 2009

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VIDA COTIDIANA: RELACIONAMENTOS

Volta de filhos adultos à casa dos pais provoca tensões

Por JOYCE WADLER

Quando as dificuldades econômicas obrigam os adultos a voltar para a casa de seus pais por um período prolongado, a mudança raramente ocorre sem tensões. Existem antigas expectativas e padrões de comportamento, novos parceiros e realidades econômicas e, geralmente, uma série interminável de necessidades individuais conflitantes.
Sentimentos de fracasso, depressão e ansiedade são comuns em um filho adulto que pede ajuda ao pai ou mãe, diz Donna Wilburn, terapeuta familiar e presidente da Associação para Terapia de Casais e Famílias em Nevada, nos EUA.
"Sugiro que eles vejam isso mais como uma relação de companheiro de quarto", diz Wilburn. "Se eles voltarem para casa e se sentirem novamente como uma criança, não vai ajudar. Mas também sugiro que os pais evitem ser paternais."
Wilburn diz que a situação também pode ser difícil para os pais aposentados. "Os pais ficam ressentidos e raivosos -eles querem apenas ser aposentados, e é muito difícil", ela explica.
E, enquanto é fácil para um adulto desempregado admitir a depressão, admitir que você está cansado de sustentar seus filhos desempregados aparentemente ainda é um tabu. "Acho que o que eu tentaria fazer nessa situação é garantir que eles -os pais mais velhos- estejam cuidando de si mesmos, e não estão mimando ou sustentando o filho", diz Wilburn. "Se o filho é capaz de trabalhar em algo, deve fazê-lo. Não o mime comprando-lhe cigarros ou lhe dando dinheiro para sair e se divertir."
Especialistas nesse campo, incluindo a AARP, associação que faz lobby para americanos idosos, concorda sobre a importância de discutir as expectativas -sobre despesas, tarefas, divisão do espaço habitável- antes que um filho adulto se mude para a casa dos pais. John L. Graham e Sharon Graham Niederhaus, autores de "Together Again: A Creative Guide to Successful Multigenerational Living" (Juntos de novo: um guia criativo para a convivência entre gerações), levam isso um passo adiante. Para quem tiver possibilidade, eles dizem, um segredo da boa convivência entre gerações é ter cozinhas e entradas separadas.
Esse arranjo certamente ajudou Nan Mooney, escritora free-lance de 39 anos que voltou para a casa dos pais, de três quartos, em Seattle, há um ano e meio, depois que perdeu o emprego em San Francisco. Mooney, que tinha decidido ser mãe solteira, estava grávida de cinco meses quando se mudou. Ela tinha seus próprios quarto, sala, banheiro e entrada no nível térreo e comprou um microondas e uma pequena geladeira. Mesmo assim, houve momentos de tensão para lidar com seu filho pequeno e seu pai, de 79 anos.
Outros problemas foram mais difíceis de resolver. "Quando você é adulto e viveu fora de casa durante 15 anos, é uma grande adaptação", disse Mooney. "Eu fiz o parto com a ajuda de uma parteira, e minha mãe ficou apoplética. Houve muitas discussões. Foi difícil para eles não me tratar como se eu tivesse 13 anos e foi difícil eu não agir dessa forma."

Colaborou Julie Scelfo



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