São Paulo, segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

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Crise global atinge em cheio a prostituição

Por DAN BILEFSKY

PRAGA - Numa noite recente no Big Sister, que se intitula o maior bordel da internet, um homem de meia-idade acessou um menu numa TV de tela plana para avaliar idade, cor do cabelo, peso e os idiomas falados pelas mulheres em oferta. Depois de escolher uma morena de 18 anos, ele se dirigiu a um dos quartos temáticos e mal iluminados.
Perto dali, na apertada sala de controle, dois técnicos operavam dezenas de câmeras ocultas que filmavam a performance do homem e a transmitiam, ao vivo, pelo site do Big Sister.
Os clientes podem fazer sexo gratuitamente no Big Sister, em troca de assinar uma autorização para que o bordel use a imagem das suas proezas sexuais. Mas, mesmo com esse incentivo financeiro, Carl Borowitz, gerente de marketing do Big Sister, lamentou que a crise financeira tenha reduzido a ida de turistas sexuais a Praga.
"O sexo tem uma demanda constante, porque todos precisam dele, e costumava ser tabu, o que tornou um serviço como o nosso ainda mais atraente", disse Borowitz, 26, um engenheiro de computação. "Mas o problema hoje em dia é que há competição demais, e nossos clientes não têm tanta renda disponível quanto antes."
Na República Tcheca, onde a prostituição opera numa zona cinzenta da lei, a indústria do sexo é um grande negócio, gerando mais de US$ 500 milhões em faturamento anual, 60% dos quais derivados de visitantes estrangeiros, segundo da Mag Consulting, empresa de Praga que faz pesquisas nesse setor.
O Big Sister não é o único bordel que sofre os efeitos da combalida economia global. Embora a mais antiga das profissões seja também uma das mais resistentes a recessões, os donos de bordéis da Europa e dos EUA afirmam que a crise está atingindo em cheio esse setor outrora lucrativo.
Jaromir Beranek, analista da Mag Consulting, disse que a valorização da coroa tcheca frente ao euro, o menor poder de compra dos estrangeiros e a competição de cidades onde há sexo mais barato, como Riga (Letônia) e Cracóvia (Polônia), ameaçam um dos setores mais prósperos do país.
Hana Malinova, diretora da ONG Felicidade Sem Risco, de apoio a prostitutas, disse temer que a atual conjuntura econômica esteja empurrando mais mulheres pobres para essa atividade.
Mesmo com a crise, acrescentou ela, a prostituição é muito mais resistente que outros setores, embora o aperto financeiro desestimule o adultério. "Um agricultor austríaco de uma região distante, se não for casado, continuará cruzando a fronteira com a República Tcheca atrás de sexo", disse ela. "Por outro lado, a recessão está ajudando a manter em casa maridos que do contrário estariam traindo suas esposas."


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