São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2011

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DIÁRIO DE STANWELL

Periquito vira praga nos subúrbios de Londres

STANWELL, Reino Unido - Nativo do subcontinente indiano e da África subsaariana, o periquito-de-colar-rosa vive uma explosão populacional em muitos subúrbios de Londres, fato que está convertendo uma ave de estimação antes exótica em uma peste que acorda crianças, monopoliza comedouros de passarinhos em jardins e pode ameaçar plantações britânicas.
Segundo estimativa, a população de periquito no Reino Unido, que, em 1995, era de apenas 1.500 indivíduos, teria chegado a 30 mil alguns anos atrás. Pesquisadores do Imperial College de Londres estão tentando realizar um censo mais científico por meio do Projeto Periquito, que, em um final de tarde de domingo recente, levou ornitólogos amadores em todo o país a fazer contagens simultâneas.
"Quando vi um periquito em meu quintal pela primeira vez, fiquei encantado. Mas, quando há 300 deles, a situação muda de figura", comentou o aposentado Dick Hayden, voluntário do projeto em Long Park Lane, no subúrbio da zona oeste de Londres. "Eles devoram todas as bagas. Comeram tudo o que havia no meu comedouro em um só dia. É um absurdo."
A visão consensual é que os Adões e as Evas responsáveis pelo boom populacional atual dos periquitos-de-colar-rosa escaparam de gaiolas britânicas, onde viviam como aves de estimação ou foram libertados por seus donos. O grande mistério é o que permitiu que os periquitos se reproduzissem com sucesso tão fenomenal.
As teorias a esse respeito se multiplicam. Estariam os jardineiros cultivando plantas ornamentais mais exóticas e, com isso, fornecendo alimentos importados a uma espécie de ave importada? Será que os residentes dos subúrbios estão instalando mais comedouros e os recheando com mais sementes? O setor de jardinagem britânico, com vendas em alta, não divulga as cifras dessas vendas e oferece poucas informações.
Uma hipótese alternativa aventada por alguns cientistas é que o clima ligeiramente mais quente tenha de fato ajudado a mudar as condições em favor dos periquitos, possivelmente acelerando o metabolismo deles durante a época reprodutiva das aves, em fevereiro, favorecendo o crescimento de alguns dos seus alimentos favoritos ou exterminando algum predador.
"Por serem aves tropicais, estão acostumadas com um clima mais ameno. Os periquitos chegaram aqui durante um período longo de anos mais quentes", disse Grahame Madge, porta-voz da Real Sociedade para a Proteção de Aves. Mas eles também resistiram bem aos últimos dois invernos, que foram excepcionalmente frios.
"A resposta é desconhecida", disse Madge. "Não tenho conhecimento de qualquer gatilho ambiental que tenha desencadeado o fenômeno."
As autoridades britânicas estão observando as tendências atentamente, pois, em outros países, os periquitos já mostraram ser pragas agrícolas importantes, devastando plantações em lugares como a Índia. Até agora, eles não têm demonstrado inclinação por deixar as cidades e os subúrbios da Europa em direção a áreas agrícolas (bandos muito menores de periquitos-de-colar-rosa já chegaram a outras cidades europeias, como Bruxelas e Amsterdã).
Existe o receio de que o ardiloso periquito possa prejudicar os pássaros britânicos mais "comportados", como a trepadeira, já que as duas espécies fazem seus ninhos em buracos em árvores antigas.


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