São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2011

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Animais auxiliam médico em terapia feita em crianças

Por JANE E. BRODY
Cada vez mais psicoterapeutas empregam animais em terapias, especialmente no tratamento de crianças com problemas emocionais, sociais e até mesmo físicos.
Um dos pioneiros na área é o psicoterapeuta Aubrey H. Fine, professor da Universidade Politécnica Estadual da Califórnia, cujo êxito extenso é documentado na obra "The Handbook on Animal Assisted Therapy" (manual de terapia assistida por animais).
Em um dos casos descritos por Fine, Diane, 5, recuava assustada diante de estranhos e se recusava a falar, exceto com sua família.
O cachorro Puppy, treinado para atuar em terapia, curou o mutismo seletivo da menina. Diane estava brincando com Puppy quando Fine fez sinal para o cachorro se afastar. Diane ficou acabrunhada. Fine lhe disse que, para que o cãozinho voltasse, ela só precisaria dizer "venha, Puppy". Em voz baixa, Diane falou "venha, Puppy, venha para cá, por favor".
Fine conta o caso de um garoto que começou a falar sobre os abusos físicos que sofreu quando Fine lhe disse que o disforme animal de terapia com o qual estava brincando tinha sido resgatado de um lar abusivo. "As crianças têm chance maior de revelar sentimentos ao terapeuta, pois o animal está ao lado e as ajuda no momento de falar", disse Fine.
Especialistas reconhecem que o campo da terapia assistida por animais sofre o efeito de uma escassez de pesquisas que possam traçar diretrizes de segurança e eficácia. Embora o uso de golfinhos para tratar crianças autistas tenha sido alvo de atenção por parte da mídia, pelo menos dois estudos não constataram evidências de benefícios e identificaram riscos consideráveis de prejuízo para os animais e as crianças. A observação foi feita por James A. Griffin, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano, em Maryland.
A Associação Internacional de Organizações de Interação Humana-Animal insiste que os animais de serviço e terapia sejam limitados às espécies domesticadas treinadas para o trabalho. E a Sociedade Delta, que oferece treinamento de animais, não certifica animais selvagens ou exóticos. Para ajudar a proporcionar uma base científica mais firme ao campo, a empresa Mars, produtora de rações para animais de estimação, iniciou parceria de pesquisas com a divisão do instituto nacional do qual Griffin é vice-diretor. Alguns dos estudos em curso: o?Um estudo sobre os efeitos sobre crianças com autismo da equitação terapêutica, que é menos invasiva que medicamentos.
o Um estudo epidemiológico para documentar os efeitos gerais da convivência com cães e gatos sobre a saúde das crianças.
o?Um estudo para determinar se animais de terapia podem ajudar crianças com transtornos comportamentais. Griffin reconheceu a dificuldade de planejar um estudo cientificamente válido, pois "não pode ser um estudo duplo-cego: você já sabe se o paciente possui ou não um cão de terapia".
E ele enfatizou os desafios do trabalho com animais de terapia. "O animal precisa ser muito bem treinado, confiável, obediente e possuir o temperamento certo", disse ele. "E o terapeuta precisa saber como usá-lo."


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