São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Shows criados para a web conquistam patrocinadores

Por BRIAN STELTER

LOS ANGELES - Quando Illeana Douglas, que trabalha há anos com cinema independente, quis fazer um seriado sobre uma atriz de Hollywood que vira operária, ela voltou-se à web e a uma aliada incomum: a Ikea.
Douglas convenceu a empresa sueca de móveis a patrocinar seu programa de vídeo na internet, "Easy to Assemble" (Fácil de montar), no qual ela faz o papel de funcionária da companhia.
Os episódios mais recentes, entre outubro e fevereiro, foram vistos mais de 1,5 milhão de vezes por mês. "A empresa é coparticipante na trama", disse Douglas, trajando macacão amarelo da Ikea, como faz sua personagem.
Trabalhos de entretenimento como esse, associados a marcas, estão se tornando mais comuns e ajudando a incentivar o surgimento de novos programas. Após uma seca prolongada, o dinheiro está voltando a chegar à indústria profissional dos vídeos na internet.
E firmas de capitais de investimento também vêm prestando atenção ao setor. O canal My Damn Channel, que distribui "Easy to Assemble", anunciou neste mês o recebimento de US$ 4,4 milhões em financiamento.
A promessa do vídeo na web passou por altos e baixos nos últimos anos. O que torna mais convincente o interesse atual é a percepção de que os vídeos vão apenas complementar a TV, e não tomar seu lugar no futuro próximo.
"Notamos que, ao tentar tornar a programação original da web semelhante à da TV, estávamos impondo um peso excessivo a ela", disse Lance Podell, executivo-chefe da Next New Networks, que descreve sua empresa como provedora de "programação original para a web".
O mercado dos vídeos na internet é menos visível, mas, juntos, os atores principais no setor acumulam centenas de milhões de visualizações mensais de seus vídeos.
À medida que as pessoas passam mais tempo on-line, os produtores apostam que o acesso a vídeos também aumentará.
Segundo a firma de medições comScore, 86% dos internautas dos EUA assistem a ao menos um vídeo on-line por mês. Alguns shows se originam da TV tradicional, algo no qual a rede Hulu se especializa; outros já nascem on-line, e essa parcela está crescendo.
"Muitas vezes penso em meu cotidiano profissional como sendo semelhante ao de alguém que comandasse uma rede de TV a cabo no início dos anos 1980", época em que essa mídia estava nascendo, disse Rob Barnett, executivo-chefe do My Damn Channel, que transmite programas musicais e de humor originais. "Sempre existe uma linha de tempo de crescimento de qualquer setor novo."
Reafirmando sua confiança na programação feita para a internet, o YouTube anunciou em julho US$ 5 milhões em investimento em produtoras on-line para a criação de novos conteúdos para o site, que quase não tem conseguido convencer grandes estúdios e redes de TV a liberar a transmissão de séries e filmes.
As empresas de vídeo na web dizem que os anunciantes estão começando a assumir compromissos de milhões de dólares -um avanço grande, em se tratando de sites que começaram recebendo US$ 5.000 a cada vez. A receita publicitária é importante, mas empresas como o My Damn Channel dizem que ganham mais dinheiro com acordos de entretenimento patrocinado, que incorporam os anunciantes no próprio conteúdo do entretenimento.
Illeana Douglas não revelou o valor pago pela Ikea por "Easy to Assemble", transmitido há dois anos, mas disse que o orçamento da segunda temporada aumentou e que o valor cresceu novamente na terceira temporada, atualmente em produção. "Ninguém mais duvida que esta seja a melhor maneira de criar entretenimento", disse ela.


Texto Anterior: DINHEIRO & NEGÓCIOS
Decanos do pessimismo econômico ganham em estatura

Próximo Texto: Pragmatismo ainda une Turquia e Israel
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.