São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

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EUA ficam para trás na corrida por biblioteca digital

Por NATASHA SINGER
Séculos depois de Benjamin Franklin ter elogiado o papel das bibliotecas públicas na democratização da sociedade americana, os EUA se veem atrasados em relação à Europa e ao Japão em termos da criação de um equivalente moderno: uma biblioteca nacional digital que sirva como repositório eletrônico do patrimônio cultural da nação.
A Biblioteca Nacional da Noruega foi uma das primeiras a aderir à ideia. Em 2005, ela anunciou a meta de digitalizar a íntegra de seu acervo; já foram escaneados cerca de 170 mil livros, 250 mil jornais, 610 mil horas de transmissões radiofônicas, 200 mil horas de televisão e 500 mil fotografias. Em 2010, a Biblioteca Nacional da Holanda anunciou a intenção de escanear todos os livros, jornais e periódicos publicados no país a partir de 1470.
Enquanto isso, as bibliotecas dos quase 50 países membros do Conselho Europeu se uniram em um único motor de buscas, o theeuropeanlibrary.org. E a Comissão Europeia patrocina o Europeana, um portal que dá acesso a cópias digitais de obras de arte, música, cinema e livros pertencentes a instituições culturais dos países membros. O portal contém cerca de 15 milhões de artefatos.
A criação de uma biblioteca nacional digital é um desafio maior para os EUA, com suas bibliotecas grandes e díspares. Mas na década de 1990 a Biblioteca do Congresso criou um acervo digital chamado "American Memory" (Memória Americana), que hoje contém 16 milhões de livros, mapas, filmes, manuscritos e peças de música.
Contudo, ainda restam mais de 100 milhões de obras que ainda não foram escaneadas, diz James H. Billington, presidente da Biblioteca do Congresso. E, embora o American Memory também carregue o nome de "biblioteca nacional digital", existem muitas bibliotecas públicas no país ao qual ele não está conectado.
"Não houve nenhuma coordenação nacional de todos os projetos maravilhosos e díspares lançados em todo o país", disse o presidente da Administração Nacional de Arquivos e Registros dos EUA, David S. Ferriero.
Mas o Centro Berkman para a Internet e a Sociedade, da Universidade Harvard, planeja ajudar grupos públicos e privados a criar uma "biblioteca pública digital da América".
A ideia, diz Robert Darnton, diretor da Biblioteca de Harvard, é disponibilizar os recursos eletrônicos de bibliotecas universitárias e instituições culturais como a Biblioteca do Congresso por meio de um portal único, "uma biblioteca digital gigantesca que colocará o patrimônio cultural do país à disposição de todos".
A ideia de uma biblioteca pública digital americana foi motivada em parte pelo Google, que desde 2004 já digitalizou mais de 15 milhões de livros. "O Google mostrou para o mundo o que é possível fazer em um período curto de tempo", disse Maura Marx, do Centro Berkman.
Para o professor Darnton, uma biblioteca pública digital americana servirá como alternativa institucional, sem fins lucrativos, ao Google Books. "Existe um conflito entre a razão de ser do Google, que é auferir lucros para seus acionistas, e as bibliotecas, cuja meta é colocar livros à disposição dos leitores", diz.
Jill Cousins, diretora executiva do Europeana, afirma que as grandes bibliotecas americanas de pesquisas poderiam fazer muito mais para aumentar o acesso a materiais de estudos e literários. "O que está faltando é a digitalização da literatura acessível", diz ela -coisas como os romances populares e as biografias que os leitores procuram em bibliotecas públicas físicas.


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