São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2010

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Michelle Obama será capaz de criar um astro da moda?

Por HILARY STOUT

Em uma noite de sábado recente, Michelle Obama entrou no salão de baile de um hotel careta de Washington usando um notável vestido vermelho, e o mundo da moda não demorou a comentar.
Tweets e mensagens de e-mail foram disparados pelo grande número de jornalistas e celebridades presentes ao jantar anual da Associação dos Correspondentes da Casa Branca.
Prabal Gurung, o jovem estilista que criou o vestido justo, estava em Nova York, com amigos, em um táxi a caminho de uma festa, quando começou a receber as mensagens de congratulação. No dia seguinte, o tráfego em seu site disparou. E ele logo começou a ser contatado por lojas que não vendem seus produtos, mas que estavam repentinamente muito interessadas.
Nasce um novo astro da moda? Ou não?
Por conta de Michelle Obama, estilistas quase desconhecidos fora do mundo da moda, a exemplo de Jason Wu, foram revelados ao público mais amplo. Mas determinar se a conexão com a primeira-dama dos EUA se traduzirá em vendas mais altas para os estilistas cujas criações ela usa regularmente continua a ser uma questão em aberto.
A disparidade entre o afeto de Michelle Obama e as vendas concretas foi sublinhada recentemente quando uma das primeiras estilistas cujo trabalho esteve associado a ela, Maria Pinto, anunciou o fechamento de seu negócio.
Algumas das imagens mais memoráveis de Michelle Obama durante a campanha eleitoral de 2008 -discursando na convenção nacional do Partido Democrata, em um vestido turquesa; trocando um cumprimento de punhos cerrados com o marido, em um vestido púrpura; visitando o casal Bush na Casa Branca em um modelo vermelho vívido, como mulher do presidente eleito- envolveram criações de Pinto.
É evidente que alguns estilistas se beneficiaram das escolhas de Michelle, especialmente aqueles que produzem roupas menos dispendiosas. As vendas da J. Crew dispararam quando a primeira-dama apareceu em uma entrevista de TV usando um suéter de sua coleção.
Mas, na ponta mais dispendiosa do setor de moda, é mais difícil determinar que estilistas se beneficiaram financeiramente, porque muitas das empresas do setor são grupos de capital fechado.
Houve certamente alguns beneficiários. Wu, o estilista que criou o vestido branco longo que Michelle usou nos bailes da posse, registrou alta imediata de vendas, depois do evento, e esse crescimento continuou, de acordo com Robert Burke, consultor de moda que trabalha para Wu.
Antes mesmo que a primeira-dama o colocasse em destaque, Wu já tinha modelos à venda em cadeias de varejo de primeira linha, como Neiman Marcus e Saks Fifth Avenue. Mas, de janeiro de 2009 para cá, os negócios se expandiram em 40% ao ano, disse Gustavo Rangel, vice-presidente de finanças do grupo de Wu.
Burke afirma que a preferência da primeira-dama se traduziu em vendas. "Sabe-se há muito que celebridades ajudam a vender", declarou, "mas isso levou a situação a um patamar completamente novo".
Laura Vinroot Poole, dona da Capitol, loja de produtos femininos de luxo na Carolina do Norte, disse que a propensão de Michelle Obama a combinar marcas de massa a estilistas sofisticados ajudou a "democratizar a moda". Mas, acrescentou, "no meu caso isso não se traduziu em vendas".
Para Gurung, ainda resta determinar de que maneira a atenção ao seu vestido vermelho se definirá na prática. Ele até o momento só exibiu coleções em três temporadas; seus modelos estão à venda em 23 lojas, mas, depois da recente festa, foi contatado por outras 50.
É claro que o vestido que chamou a atenção de todos talvez nunca venha a ser colocado à venda. O modelo foi criado especialmente para a primeira-dama.
"Preciso pensar se desejo lançar uma nova versão dele", disse Gurung.


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