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São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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"Indignados" espanhóis lutam contra despejos

Por SUZANNE DALEY

MADRI - Quando recentemente a polícia apareceu para despejar María José del Coto Maeso, os agentes recuaram ao encontrar uma multidão de manifestantes na rua em frente à residência dela.
"Foi um dia que para muita gente seria deprimente", disse Del Coto, 53. "Mas para mim acabou sendo um dia de privilégio. Eu conheci todas essas pessoas maravilhosas. E fiquei muito grata."
Os "indignados", como foram chamados os manifestantes, acamparam em maio e junho nas praças das maiores cidades da Espanha, num protesto contra a corrupção e o desemprego, já foram quase todos para casa.
Mas o movimento criou um exército de voluntários que está marcando presença no complexo mundo do sistema espanhol de execuções hipotecárias, que deixa ex-mutuários endividados pelo resto das suas vidas.
Quem organizou a manifestação em frente à casa de Del Coto foi o comissário de bordo Eloi Morte, 28.
Ele decidiu agir contra os despejos depois de participar de uma reunião organizada por manifestantes que haviam ocupado a Puerta del Sol, praça central de Madri.
"Isso era algo muito concreto que eu podia fazer", disse. "Eu queria ver resultados, não só protestos vagos contra as instituições financeiras, os bancos. Eu queria fazer algo construtivo", afirmou.
A Espanha viveu um "boom" imobiliário que desmoronou em 2008. Houve cerca de 94.000 execuções hipotecárias na Espanha no ano passado, quase o quádruplo do que em 2007.
Os manifestantes estão usando a internet para reunir multidões em prol de proprietários em dificuldades.
Centenas estão aparecendo nos imóveis onde há ameaça de despejo.
Desde junho, cerca de 30 despejos -mais do que o dobro da cifra anterior- foram impedidos, segundo a organização não governamental PAH. Protestos desse tipo estão ocorrendo em mais cidades.
Neste mês, o governo e a oposição no Parlamento anunciaram a intenção de rever as leis de execução hipotecária.
Na Espanha, quando os mutuários ficam inadimplentes, a lei lhes veda as duas soluções mais comuns em outros países: devolver as chaves ao banco e ir embora, ou declarar falência e ter a dívida perdoada.
Após a execução da dívida, eles continuam responsáveis pelo valor total do empréstimo. Quando são acrescidos multas, juros e dezenas de milhares de dólares em custas judiciais, os proprietários podem acabar sendo despejados.
As novas propostas se destinam apenas a abrandar as condições atuais. Os bancos continuariam autorizados, por exemplo, a tomarem um percentual do salário do devedor -mas não um percentual tão alto.
Eloi Morte disse que os manifestantes esperavam convencer o banco a alugar o imóvel a Del Coto por um preço que ela pudesse pagar. "A nossa esperança com todos estes protestos é que uma negociação possa evitar que as pessoas sejam colocadas na rua", afirmou.

Colaborou Rachel Chaundler


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