São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010

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Distrações podem ajudar nos exercícios

Por JULIE WEED
Quando Tina Podlodowski, consultora de assuntos públicos em Seattle, vai para a academia correr em uma esteira, ela costuma levar seu Kindle e mergulhar em uma novela policial.
"Detesto fazer exercícios", disse Podlodowski, que frequenta a academia três ou quatro vezes por semana. "Uso qualquer coisa para me distrair -um livro, uma revista, uma amiga para conversar. Sem minhas distrações, eu jamais me exercitaria."
No extremo oposto está Jonathan F. Katz, psicólogo de Hastings-on-Hudson, Nova York, que faz ultramaratonas -80 km ou mais- sem sequer um tocador de música. "Para realmente desafiar-se ou treinar para um grande evento, você precisa se concentrar na sua forma, no ritmo, o que é impossível se estiver assistindo a um filme ou conversando", diz Katz. "Estou sempre pensando em meu próximo quilômetro, minha velocidade, meu ritmo."
É útil ou prejudicial usar estímulos externos para tirar a mente do exercício? Depende do atleta e das distrações. Geralmente, os atletas esporádicos têm maior probabilidade que os sérios de depender muito de conversas, TV ou leitura para completar uma série de exercícios. Eles também podem minar o esforço distraindo-se da maneira errada -curvados sobre uma revista enquanto pedalam, por exemplo, ou envolvendo-se demais em uma conversa pelo celular.
Os treinadores dizem que praticamente qualquer coisa que faça você entrar na academia e intensificar seus exercícios pode ser benéfica. E a maioria das pessoas acha que escutar música com um bom ritmo é motivador. Mas, quando se trata de outras maneiras de ocupar a mente -como assistir a um filme, escutar um podcast ou conversar com um amigo-, há prós e contras.
"Escutar música de que você gosta enquanto se exercita ajuda a liberar as endorfinas que aliviam o estresse e a depressão", disse Vijay B. Vad, especialista em medicina esportiva. "Outras distrações não foram tão estudadas, mas criar essa sensação de prazer de outras maneiras provavelmente terá o mesmo efeito."
Algumas atividades, como ler ou assistir a um drama complexo, porém, provavelmente vão reduzir o ritmo de um atleta, por desviar a concentração da mente. Para minimizar isso, alguns treinadores aconselham assistir a comédias leves em vez de policiais complicados ou a noticiários potencialmente depressivos.
O ritmo dos programas de TV também pode ajudar os atletas -por exemplo, se eles usarem os intervalos comerciais para fazer treinamento de alta intensidade.
Médicos e treinadores dizem que as distrações mais comuns, como músicas ou conversas, podem ser válidas em praticamente qualquer nível, desde iniciantes a atletas dedicados que se preparam para uma corrida. "Todos têm melhor desempenho quando diminuem a natureza desagradável do exercício", disse Katz.
Mas na academia as distrações visuais podem afetar a postura, por isso os treinadores recomendam colocar telas ou material de leitura diretamente no nível dos olhos. Não é bom olhar para baixo enquanto se pratica um exercício. E quando os atletas começam a intensificar os exercícios devem usar menos distrações, dizem os treinadores -por exemplo, preferir uma playlist inspiradora a mensagens de e-mail.
Alguns tipos de exercício exigem mais concentração na forma. O levantamento de pesos exige postura correta e bons hábitos, ou o atleta não terá resultados e poderá até se machucar. Os treinadores recomendam guardar o iPod até que esses hábitos estejam estabelecidos.


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