São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2011

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ARTE & ESTILO

Conhecido por fundar o 'reggae dancehall'

Por ROB KENNER
Durante um concerto de reggae e hip-hop em Miami, o DJ Nuffy começou a apresentar o artista de reggae "dancehall" Vybz Kartel. Mas Kartel não estava no parque, em Miami ou mesmo nos EUA. Estava a 800 km de distância, no Jamaica Jamaica, clube noturno perto de Ocho Ríos.
"E agora, como sua atração principal, o melhor da Jamaica", bradou o DJ Nuffy, acrescentando: "Ele parece com Michael Jackson". O comentário maroto -referindo-se ao mesmo tempo à celebridade do artista na diáspora do Caribe e a sua prática polêmica de clarear a pele- provocou risos e comentários.
""Yo, Miami, vocês sabem que horas são?", perguntou Kartel, enquanto começava a tocar o ritmo de "Touch a Button", seu desafio aos rivais. Em pouco tempo, o fluxo rápido e fogoso de Kartel tinha a plateia enfeitiçada.
Nos últimos anos, Vybz (pronuncia-se "Vaibs") Kartel tornou-se a figura mais comentada no dancehall, um gênero que está para o reggae de raiz de Bobby Marley como o hip-hop para o rhythm-and-blues. Mais do que qualquer de seus antecessores ou contemporâneos, Kartel compreende que não está apenas divertindo uma plateia, mas administrando uma marca global. Em uma época em que o interesse das grandes gravadoras pelo gênero é reduzido, e a maioria dos artistas de dancehall lança uma série de compactos, ele lançou um álbum inteiro, "Kingston Story", pelo selo digital Mixpak Records, do Brooklyn (Nova York). Embora ainda não esteja em turnê para divulgar o trabalho, Kartel, 35, é muito hábil para criar polêmicas e aproveitar a exposição na mídia para novas oportunidades.
"Kartel remixou a ideia do que significa ser um astro do dancehall", disse o romancista e ensaísta jamaicano Colin Channer. "Ele é um artista pop no sentido de alguém como Madonna ou Lady Gaga, que tem consciência de como transformar sua imagem o torna atraente para diferentes segmentos do público."
Quando perguntado como faz para manter sua notoriedade internacional enquanto raramente deixa a Jamaica, Kartel riu e disse, com sua bravata habitual: "Trabalhamos com o que temos e fazemos milagres como Jesus". Kartel (nascido Adidja Palmer) está saindo na mídia com suas letras eróticas, seus vídeos de sexo vazados, suas prisões bem documentadas e por clarear sua pele em uma cultura com longa tradição de orgulho negro.
"Essa coisa de música -o que as pessoas dizem sobre mim, de bom ou ruim- não levo para o plano pessoal", disse Kartel mais tarde. "São negócios."
Dre Skull, o produtor de "Kingston Story", disse: "Kartel deve ter escrito 4.000 canções, somando tudo. O homem é um mestre em sua arte". Kartel, recentemente, anunciou que não gravaria mais canções com letras violentas, preferindo tom "mais cultural", mas acrescentou que o sexo explícito ainda é válido.
Não há dúvida de que Kartel exerce uma influência poderosa sobre seus ouvintes. Seu sucesso "Clarks", de 2010, sobre a marca de sapatos britânica, teve divulgação mundial, provocando uma corrida para os vendedores da marca na Jamaica e em outros lugares. Em junho, a empresa anunciou aumento de 19% nas vendas nos EUA no ano passado, elevando os lucros para cerca de US$ 164 milhões pela primeira vez em sua história de 186 anos.
Ao longo das polêmicas, Kartel parece estar desfrutando uma boa risada além dos lucros. "Para mim, é divertido ver as pessoas me odiarem e é lisonjeiro ver as pessoas me amarem", ele disse. "Mas, daqui a dez anos, o público vai amar outra pessoa. Vybz Kartel vai se tornar irrelevante, e eu consigo aceitar isso. É por isso que muitos artistas são amargos, pois não conseguem aceitar. Deem a volta por cima. Parem de tentar ser Kartel. Vocês não podem. Trata-se apenas de ganhar dinheiro enquanto estou sob os refletores."


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