São Paulo, segunda-feira, 30 de maio de 2011 |
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NEGÓCIOS VERDES ENSAIO/BRYAN BURROUGH Wal-Mart ecológica economiza bilhões A ideia de que tornar-se "verde" pode ser lucrativo, que foi apresentada por economistas 20 anos atrás, continua a causar ceticismo em alguns setores. Se você ainda não está convencido, leia o excelente novo livro de Edward Humes, "Force of Nature" [força da natureza], a história de como a maior varejista do mundo, a Wal-Mart, decidiu ser ecológica. Humes, que ganhou o prêmio Pulitzer em 1989 por artigos sobre os militares, conta como Jib Ellison, um antigo guia de rafting nos rios da Califórnia, convenceu sozinho a Wal-Mart a adotar a sustentabilidade como parte de sua cultura básica. A partir de uma reunião em 2004 com H. Lee Scott Jr., então executivo-chefe da Wal-Mart, Ellison demonstrou que a sustentabilidade não era apenas conversa ambientalista. Em sua forma mais simples, sustentabilidade significa eliminar o desperdício. E eliminar o que se joga fora economiza dinheiro. Isso chamou a atenção de Scott. Em um dos primeiros projetos de Ellison para a Wal-Mart, ele percebeu que as coloridas embalagens de papelão de caminhões de brinquedo fabricados na China eram muito maiores do que o necessário. Ele sugeriu reduzir o tamanho, o que economizou milhões de dólares, para não falar nas centenas de milhares de toneladas de papelão destinadas aos aterros sanitários. Isso levou a Wal-Mart a reduzir o tamanho das embalagens das linhas de produtos, economizando cerca de US$ 3,4 bilhões por ano e, ao mesmo tempo, reduzindo o lixo. Desde essa primeira iniciativa, a Wal-Mart traçou um novo rumo verde que foi amplamente notado e imitado em todo o mundo corporativo. A empresa chamou consultores ecológicos que ajudaram a encontrar maneiras inovadoras de reduzir os dejetos em quase todo lugar, desde o uso de produtos químicos a algo tão simples quanto instalar geradores elétricos na frota de caminhões para que os veículos refrigerados não precisem ficar ligados à noite. O autor deixa claro que a Wal-Mart não embarcou no percurso movida pelo sentido de bondade empresarial. A companhia, há muito tempo, tinha uma cultura insular que parecia suspeita para as pessoas de fora, diz o livro. Na época em que Ellison entrou no escritório de Scott, a empresa estava sendo atacada por ambientalistas e prefeituras que a acusavam de levar à falência os pequenos varejistas, de pagar menos a seus "associados" e de boicotar os sindicatos. As medidas ecológicas deram à Wal-Mart um necessário reforço de publicidade, embora a empresa continue enfrentando duras críticas. O relatório de 2010 sobre progresso na sustentabilidade mostra que a companhia reduziu o uso de sacos plásticos; doou 57 milhões de toneladas de alimentos que antes teriam sido descartados; e reduziu as impressões de relatórios das lojas em 350 milhões de folhas de papel, economizando US$ 20 milhões. Force of Nature não oferece uma narrativa empresarial atraente, como alguns outros livros, mas isso não importa. A prosa de Humes é quase impecável, enxuta e precisa, despida de ego. Humes encontra uma boa história para ajudar a esclarecer uma questão de extrema importância. O livro não deifica ou demoniza a Wal-Mart; na verdade, diz que o próprio modelo empresarial da companhia, provavelmente, é insustentável. Texto Anterior: Suicídios de estudantes chocam Coreia do Sul Próximo Texto: A imagem limpa do gás natural talvez seja falsa Índice | Comunicar Erros |
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