São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

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LENTE

Quanto mais simples, melhor


John Fraser, um chef de Nova York, está montando um restaurante temporário que só vai oferecer coisas essenciais; "Quero simplificar tudo", disse

O início de um novo ano, ainda à sombra da recessão, é um bom momento para expurgar. E poderá trazer um foco melhor,isso mais lucro, mais economia ou apenas liberdade. Livre-se do excesso de sapatos, livros, gadgets ou, como no caso do Museu do Brooklyn, artefatos preciosos.
O museu decidiu desentupir armários superlotados de artigos que adquiriu quando pretendia ser o maior do mundo. Está se preparando para devolver 4.500 tesouros pré-colombianos tirados da Costa Rica há cerca de um século, condensando seu acervo para reduzir os custos de armazenagem e poupar o tempo da equipe. Kevin Stayton, curador chefe do Museu do Brooklyn, disse ao "New York Times" que a iniciativa, em uma época de orçamentos justos, pretende garantir que "não estamos exagerando".
Esse foco mais justo está no cardápio. Literalmente. Restaurantes especializados em um único prato ou ingrediente de nicho estão surgindo por toda parte, especialmente em Nova York. O Meatball Shop tem um cardápio construído ao redor de... almôndegas. O Hill Country Chicken tem um prato principal: frango frito. E o primeiro outlet de uma minirrede baseada no Brasil chamada The Best Chocolate Cake in the World abriu no SoHo em 2010.
É um padrão que outros chefes estão seguindo, relatou o "Times", cortando acessórios desnecessários e se concentrando no que importa: a comida. O chef John Fraser fez um contrato de curto prazo por um espaço no centro de Manhattan. Como o lugar não será necessariamente mantido, Fraser está fazendo um investimento baixo. Não haverá placa do lado de fora, o bar será estocado apenas com uma marca de cada bebida e haverá apenas dois vinhos brancos, dois tintos e um espumante.
"Quero resumir as coisas ao que é realmente importante", disse Fraser ao "Times", "e descobrir o que é realmente essencial."
É o que faz um número crescente de varejistas como Bloomingdale's e Nike, que estão experimentando lojas menores e um catálogo editado para reduzir custos e atender a clientes que gastam com maior critério.
"O cliente entra pela porta e muitas vezes vê uma enorme seleção de coisas em uma loja multimarcas e não consegue descobrir o que quer comprar; acaba não comprando nada", disse Paco Underhill, da Envirosell, empresa sediada em Manhattan que assessora lojas sobre comportamento de consumidores. "Chegamos ao apogeu da grande caixa, o que significa que não podemos aumentar ainda mais a loja ou o shopping center."
E isso provavelmente está bem para o mundo da moda, que também está reduzindo. Os estilistas na última semana da moda masculina em Milão escolheram uma abordagem minimalista. A coleção da Prada foi geralmente sem adereços, ou mesmo bolsos para gadgets. Foram ternos de corte prático e tecidos modestos em Gucci, Versace e Dsquared. "Os consumidores têm muita coisa na cabeça [...] para serem apanhados pela teatralidade e bobagens da moda", escreveu Cathy Horyn no "Times".
Roche Fierman, que dirige a Little Elves, serviço de limpeza usado por alguns dos estilistas mais chiques de Nova York, limpou o excesso de sua própria vida. Ela tem apenas três pratos de jantar, as duas prateleiras da sala estão nuas e ela joga fora os livros quando termina de ler.
"Acho que realmente aprendi com a recessão e com alguns de meus clientes, que são dominados por suas coisas, é que é um modo de vida ridículo", disse. "Levei anos para perceber que realmente não vale a pena se preocupar com coisas."

ANITA PATIL


Envie comentários para nytweekly@nytimes.com.


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