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A história de Natasha
Apesar de não dar destaque na primeira página, a Folha contou um caso comovente e abriu caminho para melhorar a vida de quem carece de ajuda
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A FOLHA não deu muita
pelota para a reportagem, excluindo-a da
primeira página, mas na terça-feira teve um momento de jornalismo supimpa: revelou
uma maldade contra uma
criança, contou uma história
comovente e abriu caminho
para melhorar a vida de quem
carece de ajuda.
A repórter Afra Balazina
mostrou que a empregada doméstica Martinha deixou de
trabalhar durante as manhãs
para acompanhar a filha Natasha na escola em São Paulo.
Com paralisia cerebral, a
menina de nove anos precisa
de auxílio para subir 13 degraus, na hora do lanche e na
de ir ao banheiro. A doença
não afeta a capacidade intelectual, mas a motora, da boa aluna. O colégio público não tem
professor ou funcionário para
socorrer Natasha. Nem rampa
para a cadeira de rodas. Em
vez de instalar a classe no térreo, deixou-a no andar de cima, aonde se chega de escada.
A mãe não pode pagar alguém para estar com a filha.
Assume, ela mesma, o dever
do Estado: assegurar condições de estudo. "Faço tudo o
que posso para melhorar a vida dela", disse Martinha.
O caso da mãe amorosa,
além de molhar com lágrimas
o papel do jornal, expõe como
a administração pública, em
todos os níveis, tantas vezes
(mal)trata a infância.
E como burocratas são incapazes de solucionar problemas simples -a transferência
da turma para o piso inferior
acabaria com parte deles.
Conforme escrevi na crítica
diária, "a presença de Natasha
em uma escola regular é um
presente às outras crianças.
Como disse um médico, elas
têm a chance de conviver com
quem é diferente".
Ainda na terça, por ordem
da Secretaria Estadual da
Educação, a escola passou a
turma de Natasha para o térreo. Prometeu-se uma equipe
para atender a menina. O jornal fará bem se monitorar o
cumprimento da promessa.
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