São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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Como vai a USP

A julgar por alguns sinais emitidos esparsamente nos jornais, a Universidade de São Paulo (USP), ou ao menos uma parte importante dela, parece viver uma etapa de significativa deterioração.
Há cerca de um mês começou uma greve de estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), seguida de mobilizações de servidores e docentes. Estes, por salários, aqueles, por mais professores, contra a superlotação nas salas de aula.
Conforme mostrou reportagem da Folha no dia 4 de maio, a FFLCH, que, como é sabido e reconhecido, desde os anos 30 tem produzido "cérebros" dentre os mais importantes da intelectualidade brasileira, pode estar vivendo a maior crise de sua história.
Um dos movimentos estruturais que estariam por trás dessa grave situação diz respeito à desvalorização das áreas de ciências humanas, em combinação com um "engajamento" maior da USP no mercado.
Contra uma média padrão de um professor para cada 14 estudantes na universidade, a FFLCH registra um professor para cada 35,2 universitários.
Alternando tapas e beijos, pelo menos desde o final da década de 70, sempre foi estreito e socialmente benéfico o relacionamento entre a Folha e a USP.
Por isso mesmo, é estranho que o jornal tenha limitado a cobertura da atual situação à curta reportagem de 4 de maio e, depois, a pequenos registros de negociações com a reitoria ou de atos públicos dos estudantes.
Abandonou-se praticamente o assunto, relegando-o a um acompanhamento apenas factual e superficial, bem aquém do que a gravidade da crise parece exigir.
A omissão também não deixa de ser uma postura jornalística.
O que está acontecendo na USP? Até que ponto se pode falar em deterioração e/ou em adoção de "novos caminhos"? Como se chegou a essa situação? Qual é o "raio-x" dessa universidade hoje?
O leitor da Folha tem o direito de saber.



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