São Paulo, domingo, 03 de junho de 2001

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Título mentiroso

Os títulos das reportagens estão dentre os elementos mais importantes do jornal. Como diz o "Manual da Redação" da Folha, eles "devem ser, ao mesmo tempo, capazes de tornar claro, em poucas palavras e em ordem lógica, o objeto da notícia e de atrair o leitor, incitando seu interesse". "O fato de dispor de pouco espaço para a formulação dos títulos", diz o texto, "não deve ser desculpa para eventual imprecisão".
Acrescento, aqui, algo ainda mais elementar: os títulos devem ser fiéis aos fatos noticiados ou às declarações reproduzidas.
Nos últimos dias, pelo menos um caso chamou a atenção negativamente, na Folha, a respeito desse item. Aconteceu na edição do dia 24.
""Falta de ACM não é grave", diz Ciro" -eis o título, em três colunas, na página A7.
Na reportagem, o pré-candidato do PPS à Presidência se referia ao papel do político baiano na violação do painel de votação do Senado. Sua declaração, no entanto, afirmava explicitamente o contrário. Leia:
"No caso desse julgamento, é flagrante que há um clima de histeria e que há desproporcional interesse de setores da mídia e da política e do governo de distrair a opinião pública com um fato que, sendo grave (o destaque é meu), não é o mais grave", declarou Ciro Gomes ao jornal.
Comentei o erro na minha crítica interna daquele dia. A editoria de Brasil e a Secretaria de Redação do jornal, porém, não se sensibilizaram.
Trata-se de um caso menor, é certo. Mas pouco importa. Há que se levar qualquer título a sério. Senão, imagine o que poderá acontecer ao longo das eleições de 2002, com o inevitável tiroteio verbal entre candidatos.



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