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PF, a grande pauteira
A concorrência jornalística
na cobertura da Operação Navalha se concentrou, até sexta,
na busca de informações apuradas não pelos repórteres,
mas pela Polícia Federal.
Em um primeiro momento,
era natural que fosse assim: a
investigação da PF sobre o
desvio de recursos públicos,
mediante fraude em licitações
de obras, atravessou meses.
Acumulou indícios, gravou
conversas, obteve documentos, monitorou suspeitos.
Desencadeada no dia 17, levou 48 pessoas à prisão e provocou a demissão do ministro
Silas Rondeau (Minas e Energia), mesmo sem prova de que
ele tenha cometido crime.
Cabia aos jornalistas relatar
as descobertas. Não faltaram
informações vazadas do inquérito. Se elas têm interesse
público, é legítimo divulgá-las.
O problema foi, na quinzena
seguinte, o noticiário se alimentar quase somente da investigação da PF. Uma das
poucas reportagens da Folha
fruto de trabalho autônomo
expôs os negócios do empreiteiro Zuleido Veras com a Prefeitura de Mauá (SP).
Na quarta, assinalei na crítica diária: "As interceptações
[telefônicas] revelam um painel interessante sobre as relações entre o público e o privado. No atacado, porém, o jornal publica muitas transcrições que não provam nada".
O "furo" mais importante,
fora do inquérito da Operação
Navalha, foi da revista "Veja":
o senador Calheiros fez pagamentos de despesas pessoais
por meio de um lobista da empreiteira Mendes Júnior.
A Folha, além de praticamente se restringir ao inquérito, vem cobrindo mal a disputa interna na Polícia Federal. A PF deveria ser menos
pauteira e mais pauta, objeto
de fiscalização jornalística.
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