São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

Texto Anterior | Índice

PF, a grande pauteira

A concorrência jornalística na cobertura da Operação Navalha se concentrou, até sexta, na busca de informações apuradas não pelos repórteres, mas pela Polícia Federal.
Em um primeiro momento, era natural que fosse assim: a investigação da PF sobre o desvio de recursos públicos, mediante fraude em licitações de obras, atravessou meses.
Acumulou indícios, gravou conversas, obteve documentos, monitorou suspeitos.
Desencadeada no dia 17, levou 48 pessoas à prisão e provocou a demissão do ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), mesmo sem prova de que ele tenha cometido crime.
Cabia aos jornalistas relatar as descobertas. Não faltaram informações vazadas do inquérito. Se elas têm interesse público, é legítimo divulgá-las.
O problema foi, na quinzena seguinte, o noticiário se alimentar quase somente da investigação da PF. Uma das poucas reportagens da Folha fruto de trabalho autônomo expôs os negócios do empreiteiro Zuleido Veras com a Prefeitura de Mauá (SP).
Na quarta, assinalei na crítica diária: "As interceptações [telefônicas] revelam um painel interessante sobre as relações entre o público e o privado. No atacado, porém, o jornal publica muitas transcrições que não provam nada".
O "furo" mais importante, fora do inquérito da Operação Navalha, foi da revista "Veja": o senador Calheiros fez pagamentos de despesas pessoais por meio de um lobista da empreiteira Mendes Júnior.
A Folha, além de praticamente se restringir ao inquérito, vem cobrindo mal a disputa interna na Polícia Federal. A PF deveria ser menos pauteira e mais pauta, objeto de fiscalização jornalística.


Texto Anterior: Urso polar não come pingüim
Índice


Mário Magalhães é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2007. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Mário Magalhães/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.