São Paulo, domingo, 08 de abril de 2001

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Atos falhos

Leia as duas perguntas e as duas respostas ao lado. Trata-se do final de uma entrevista com o diretor de teatro Gerald Thomas publicada na capa da Ilustrada na última quarta-feira.
O mote da reportagem é a peça "O Príncipe de Copacabana", que o encenador prepara para estrear em maio.
O que é interessante aqui? É a maneira como o jornalista e o artista expõem, talvez sem se dar conta, o mecanismo que muitas vezes rege as agendas do jornalismo cultural -não apenas da Folha, evidentemente.
Parece uma conversa de compadres. O próprio encenador entrega o jogo ("a gente precisa um do outro"). E o jornal, ao publicar o "papo", dá a esses trechos um sabor de ato falho.
Thomas tem razão quando, ao responder à frase "mas você está sempre na mídia", diz: "Vocês são culpados disso. Vocês me colocam na mídia, não sou eu".
De modo irônico e falsamente ingênuo, ele ataca: "O maquiavelismo é de vocês, não é meu".
Essa é a questão. Porque a mídia, e a Folha junto, sempre tem, de fato, espaço farto para abrigar determinadas celebridades do chamado "mundo cultural". Figurinhas carimbadas. Dia sim dia não as mesmas.
Ora, será que tudo aquilo que elas produzem é verdadeiramente relevante?
Um dos impasses do tratamento jornalístico da produção artística reside no funil que isso representa.
Vale para o teatro, mas também para a literatura, para a música e as artes plásticas. Para o ensaísmo.
Existe alguma coisa pouco saudável no mecanismo que essa entrevista revela. E talvez um segundo ato falho cometido pelo jornal, neste caso, tenha sido o próprio título da reportagem, que faz lembrar o velho cenário hamletiano: "Há algo de podre em Copacabana".

Semana passada, nesta coluna, referi-me ao fato de haver somente dois jornais no Brasil com a função de ombudsman institucionalizada: a Folha e "O Povo", de Fortaleza (CE). Pois há -até segunda ordem- um terceiro: a "Folha do Povo", nascida há dois anos em Campo Grande (MS). O cargo de ombudsman, criado em outubro de 2000, é ocupado pelo jornalista Fabiano Maisonnave.



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