São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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ENTREVISTA

"Desvio ocorre em toda a imprensa"

Dulcília Schroeder Buitoni é professora de Jornalismo na ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo) e autora dos livros "Mulher de Papel" (Edições Loyola) e "Imprensa Feminina" (Editora Ática).

 

Folha - Como analisa a pequena participação de mulheres no jornal?
Dulcília Buitoni -
Acho que o jornal deveria se preocupar com a questão da representatividade. Mas esse é um desvio, ou um vício, que ocorre na imprensa do mundo todo. Mesmo em países onde as mulheres têm mais presença social, elas aparecem menos. Mas aqui aparecem menos ainda. Só para ter uma idéia, anos atrás eu fiz um levantamento na "Veja", nas Páginas Amarelas (de entrevistas), e aí era realmente acachapante. Houve um ano com apenas uma mulher entrevistada. Nesse caso, como no caso da seção de artigos da Folha, é uma seleção editorial e eu duvido que não tivessem outras mulheres que pudessem ser entrevistadas.

Folha - Por que isso? A imprensa é um gênero masculino?
Buitoni -
A imprensa é um gênero masculino (rindo). Apesar de todo o avanço no mercado de trabalho, a imprensa ainda é masculina. Na verdade, o mundo ainda é um mundo de padrão masculino, por mais que hoje exista uma criação mais libertária. Eu dou aula na faculdade e vejo isso. As meninas são muito brilhantes, entram com as melhores notas, mas normalmente quem faz pergunta na sala é menino. Tudo tem a ver com um contexto.

Folha - O que fazer?
Buitoni -
Eu penso que a imprensa poderia ajudar, não com um sistema de cotas, como os partidos políticos, mas podia pensar um pouquinho mais nessa questão de gênero e de diversidade. Não só de gênero, mas de idade, de etnia, de local de moradia. A mídia se enriqueceria muito.


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