São Paulo, domingo, 12 de junho de 2011

Índice | Comunicar Erros

QUEM ERRA PRIMEIRO


Folha.com muda o destino de Battisti, em erro que mostra a pressão crescente pelo furo na internet


COMO NA Fórmula 1,""ser o primeiro" é uma das metas do jornalismo on-line. Em ritmo frenético, os sites disputam diariamente quem vai dar a notícia antes dos outros.
Na quarta-feira, a Folha.com derrapou feio nessa corrida. Às 18h34, quando ainda acontecia o julgamento no Supremo Tribunal Federal, saiu a notícia ""Supremo decide extraditar Cesare Battisti à Itália". Antes do título, um aviso: ""NÃO PUBLICAR - TXT FAKE".
O erro foi percebido em apenas cinco minutos, tempo suficiente para repercutir no Twitter. "Folha extradita Battisti antes da hora." "Serra deve ter ligado para Gilmar de novo e barrigou."
Piadas à parte, o erro do site diz muito sobre a lógica -ainda mal digerida- do noticiário na web. Com milhões de internautas aptos a publicar, sem mediação, em blogs ou redes sociais, há uma pressão crescente pela notícia em primeira mão.
O assassinato de Bin Laden, a notícia do ano até agora, foi furo do Twitter. Numa noite de domingo (22h25, horário dos EUA, de 1º de maio), um ex-membro do Departamento de Defesa postou: "Uma pessoa de confiança me contou que mataram Bin Laden. Caramba!"
Minutos depois, fontes da Casa Branca confirmavam a informação a repórteres de confiança, mas em ""off", para não tirarem do presidente Obama a primazia do anúncio.
Enquanto ele escrevia o discurso, a notícia bombava no Facebook. O ""New York Times" deu às 22h40. TVs interromperam a programação, cinco minutos depois, para anunciar o fim do "inimigo nº 1". Quando Obama começou a falar, às 23h35, mais de uma hora depois de ser furado no Twitter, havia milhares de espectadores esperando para ouvir a confirmação do presidente.
A morte de Michael Jackson, em 25 de junho de 2009, vazou também fora dos principais órgãos de imprensa. Um site de fofocas, o TMZ, deu a notícia às 14h44 (horário da Califórnia), apenas 18 minutos depois de a morte do astro pop ter sido constatada pelos paramédicos.
Com medo de confiar num site controverso, a mídia esperou que o "Los Angeles Times" soltasse a notícia, o que aconteceu às 14h51.
Os principais órgãos de imprensa vêm percebendo que credibilidade é o que os diferencia nesse mar de informações da rede. Se é verdade que houve uma democratização das fontes, também é fato que, quando acontece algo realmente importante, as pessoas correm a certificar-se nos sites de prestígio -quase todos extensões de marcas do meio impresso ou televisivo.
Não se trata de ignorar a importância da velocidade, mas de colocar mais peso na checagem e na formulação dos textos. Pressa é quase sempre sinônimo de frases malfeitas, de parágrafos descosturados e de falta de contextualização.
A queda de Palocci, por exemplo, foi noticiada primeiro na Folha.com, mas o texto à disposição dos leitores na noite de terça-feira era confuso e mal-ajambrado. O parágrafo inicial já falava de mais um ministro em processo de fritura, antes mesmo de explicar o que havia sido decidido sobre a Casa Civil.
Para sobreviver na era do jornalismo digital, é preciso ser ágil para atender a sede frenética por novidades do internauta, mas qualidade será cada vez mais importante.

Seções somem sem um aviso

Sem aviso aos leitores, algumas seções sumiram. O ""Toda Mídia", que desde 2004 trazia os destaques da imprensa mundial, foi extinto. A novata ""Por aí", que faria um ano no Cotidiano, parou de ser publicada aos sábados. O caderno "Fovest", para vestibulandos, foi suspenso.
Duas colunas também deixaram o Folhateen: ""Escuta Aqui", escrita por Álvaro Pereira Júnior, e ""02 Neurônio", de Jô Hallack, Nina Lemos e Raq Affonso. Álvaro passa a escrever quinzenalmente, aos sábados, na Ilustrada.
Para a Secretaria de Redação, "é natural que o jornal promova mudanças periódicas". Diz, por exemplo, que o "Toda Mídia" serviu por um bom tempo como uma ponte entre as plataformas de papel e on-line da Folha, que hoje estão integradas. "O objetivo é apresentar um jornal mais ágil e atualizado aos leitores", afirma.


Índice | Comunicar Erros


Suzana Singer é a ombudsman da Folha desde 24 de abril de 2010. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Suzana Singer/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.