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Reportagem versus manchete
O momento mais duro para o jornal e o jornalista é o do erro. A grandeza está, respeitando os leitores, em reconhecê-lo
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A manchete de domingo
passado da Folha continha
uma informação grave: "Entidade alertou Lula de falhas no
controle aéreo". Completava-a o subtítulo "Vistoria no Cindacta-1 foi feita em outubro;
FAB não comenta relatório".
Além do título principal da
primeira página, havia outro
sobre o assunto, em Cotidiano: "Relatório já apontava
controle aéreo inseguro".
O subtítulo: "Documento da
federação internacional de
controladores, feito após acidente com o Boeing da Gol, foi
enviado a Lula".
As formulações estavam erradas. Foi o que sustentei na
crítica diária da segunda-feira
-distribuídas no começo da
tarde à Redação, as críticas são
divulgadas ao mesmo tempo
na Folha Online (www.folha.com.br/ombudsman).
A ótima reportagem revelava que, já no ano passado, um
relatório da Ifatca (Federação
Internacional das Associações
dos Controladores do Tráfego
Aéreo) constatava que "o sistema de controle de tráfego
aéreo brasileiro é falho e tem
um nível baixo de segurança".
Ao contrário do que afirmava a manchete, contudo, o relatório havia sido remetido a
uma entidade de aviação civil
e a uma de pilotos. Não a Lula.
Ao presidente da República, a
Ifatca propôs consultoria.
Na terça, o jornal reconheceu em "Erramos" a impropriedade do subtítulo de Cotidiano: "O relatório preparado pela Ifatca não foi enviado ao
presidente Lula. O que a entidade enviou ao presidente foi
uma carta para oferecer assessoria e consultoria".
No mesmo dia, observei na
crítica do ombudsman que o
"Erramos" era certo, mas faltava corrigir a primeira página. O texto da carta a Lula, a
julgar pelo trecho publicado,
não continha as conclusões do
relatório. Logo, o Planalto não
fora "alertado".
Na sexta à noite, o jornal se
preparava para publicar na
edição de ontem um "Erramos" da manchete dominical,
além de um texto em Cotidiano explicando o equívoco.
A correção demorou e não
tem o mesmo espaço da notícia, o que é uma pena. Mas fez
muito bem a Folha em se corrigir. O momento mais duro
para o jornal e o jornalista é o
do erro. A grandeza está, respeitando os leitores, em reconhecê-lo.
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