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Se a educação importa, jornal precisa provar
Na quinta-feira, um problema do ensino público estadual
de São Paulo mereceu o alto da
capa da Folha.
Foi a quarta vez este ano. Nas
outras três, quando professores em greve atrapalharam o
trânsito. Desta, devido a incidente grave de violência numa
escola-modelo, que só terminou com a intervenção da polícia e alunos machucados.
Na época da paralisação publiquei uma coluna sobre o tema (em 6 de julho, intitulada
"Aos mestres sem carinho").
Nela e nas críticas diárias da
edição, disse que o jornal não
estava demonstrando ter a
educação entre as suas prioridades editoriais.
Três meses depois, minha
impressão se mantém. Embora
a edição de quinta não tenha se
restringido à mera anotação
dos fatos ocorridos e tenha
analisado mais a fundo a questão da violência nos colégios,
outra vez a Redação agiu de
maneira reativa.
No discurso, há consenso nacional aparente sobre a urgência de dedicar grande esforço
para melhorar a educação pública. Ninguém discorda. Mas,
na prática, pouquíssimos agem
nessa direção. A Folha não está
entre estes.
Os "ganchos" jornalísticos
para motivar uma série de reportagens detalhadas sobre os
problemas estruturais do ensino público estão aí: a greve há
três meses, a depredação da
Amadeu Amaral esta semana.
Uma equipe que foi capaz de
produzir um trabalho tão notável de jornalismo da melhor
qualidade como os cadernos
"DNA Paulistano" certamente
dará conta de esmiuçar as condições do ensino público: salário de professores, estado dos
equipamentos, chances para
aperfeiçoamento profissional,
tamanho das turmas, adequação da carga horária, nível de
excelência dos currículos, acesso a internet, situação das bibliotecas e dos laboratórios,
realização de excursões. Leitor
e sociedade agradecerão. O jornal se mostrará relevante.
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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