São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

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Se a educação importa, jornal precisa provar

Na quinta-feira, um problema do ensino público estadual de São Paulo mereceu o alto da capa da Folha.
Foi a quarta vez este ano. Nas outras três, quando professores em greve atrapalharam o trânsito. Desta, devido a incidente grave de violência numa escola-modelo, que só terminou com a intervenção da polícia e alunos machucados.
Na época da paralisação publiquei uma coluna sobre o tema (em 6 de julho, intitulada "Aos mestres sem carinho"). Nela e nas críticas diárias da edição, disse que o jornal não estava demonstrando ter a educação entre as suas prioridades editoriais.
Três meses depois, minha impressão se mantém. Embora a edição de quinta não tenha se restringido à mera anotação dos fatos ocorridos e tenha analisado mais a fundo a questão da violência nos colégios, outra vez a Redação agiu de maneira reativa.
No discurso, há consenso nacional aparente sobre a urgência de dedicar grande esforço para melhorar a educação pública. Ninguém discorda. Mas, na prática, pouquíssimos agem nessa direção. A Folha não está entre estes.
Os "ganchos" jornalísticos para motivar uma série de reportagens detalhadas sobre os problemas estruturais do ensino público estão aí: a greve há três meses, a depredação da Amadeu Amaral esta semana.
Uma equipe que foi capaz de produzir um trabalho tão notável de jornalismo da melhor qualidade como os cadernos "DNA Paulistano" certamente dará conta de esmiuçar as condições do ensino público: salário de professores, estado dos equipamentos, chances para aperfeiçoamento profissional, tamanho das turmas, adequação da carga horária, nível de excelência dos currículos, acesso a internet, situação das bibliotecas e dos laboratórios, realização de excursões. Leitor e sociedade agradecerão. O jornal se mostrará relevante.


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