São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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A BUSCA DE FONTES

Paula Cesarino Costa é a diretora da Sucursal da Folha no Rio.

Ombudsman - Os repórteres da Folha correram risco nesta cobertura?
Paula Cesarino Costa -
Sempre existe algum risco. Tanto pode haver um tiroteio como os traficantes podem atirar do alto. Mas os repórteres sempre levam coletes à prova de bala e são orientados a evitar riscos. Os repórteres relatam que há um clima de hostilidade e desconfiança em relação a jornalistas por parte de moradores e policiais, o que dificulta muito a obtenção de informações fora dos canais oficiais (polícia e associação de moradores). Os jornalistas, em geral, têm andado em grupos e fazem comboios para subir a estrada da Gávea. Isso dificulta a obtenção de informações exclusivas e uniformiza as coberturas. Às vezes a informação vem da fontemais óbvia, como quando o comandante do 23ª Batalhão, Jorge Braga, admitiu que o tráfico continuava a existir na Rocinha, embora de forma menos ostensiva.

Ombudsman - O que a Folha tem feito para obter informações mais confiáveis entre os moradores?
Cesarino -
Essa dificuldade em obter informações vem muito da desconfiança dos moradores, que ou acham que o jornalista vai passar as informações para a polícia ou teme que o traficante não goste que ele fale com a imprensa. Em momentos como oatual, a maioria não quer falar. Um dos caminhos para tentar conseguir informações mais confiáveis é procurar integrantes das várias ONGs que atuam nas favelas. Religiosos também são boas fontes. Geralmente têm uma certa independência e o tráfico não costuma incomodá-los. Hoje é muito difícil falar com os traficantes, diferentemente de anos atrás. Desde a morte de Tim Lopes eles evitam falar com os jornalistas, porque os consideram informantes.


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Marcelo Beraba é o ombudsman da Folha desde 5 de abril de 2004. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Marcelo Beraba/ombudsman, ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
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