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São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2003

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Para especialistas

Um dos pontos de apoio do jornalismo da Folha é a idéia de que se deve poupar tempo e trabalho ao leitor, evitar que, da leitura, sobrem dúvidas no ar.
Alguns exemplos da última semana mostram, porém, a dificuldade que o jornal encontra para aplicar esse princípio.
Na segunda-feira, ao noticiar mais uma vitória do Cruzeiro no campeonato Brasileiro, texto em Esporte mencionava que um atleta sofrera uma "fratura do malar", sem explicar o que isso significa (vi depois, no dicionário, que se tratava de algo relacionado à maçã do rosto).
No dia seguinte, Dinheiro informava que o governo submeteria a partir daquele dia o seu projeto de Parceria Público-Privada (PPP) à consulta pública. O que vem a ser essa consulta? Como ela funciona? Não havia nenhuma explicação.
O tratamento dado à cobertura sobre esse projeto, aliás, deixou a desejar nos dias seguintes. Na quarta, o jornal o destacou na manchete e trouxe, internamente, detalhes sobre como ele deve funcionar.
Apesar de todo esse destaque, porém, o assunto -repleto de pontos obscuros, polêmicas e complexidades- simplesmente desapareceu das páginas do jornal na quinta e na sexta.
Ainda na terça-feira, a Ilustrada exibiria um indesejável hermetismo em sua linguagem. Foi ao apresentar o trabalho de uma "ciberartista" de São Paulo em três painéis eletrônicos interativos, que registram mensagens das pessoas e "cuja proposta é transformar cada mensagem -de até no máximo 60 caracteres- enviada em um texto escrito com fontes não-fonéticas, o que criaria um novo significado ao texto inicial".
Como escrevi na crítica interna daquele dia, "sinceramente, aqui eu boiei".
A mesma sensação sobreveio numa reportagem da quarta, em Brasil, segundo a qual "o limite de endividamento de São Paulo (...) foi fixado em 120% do valor da receita corrente líquida para o montante da dívida consolidada líquida". Você entendeu?
Último exemplo, de sexta-feira: um interessante texto, em Cotidiano, com dados sobre a presença dos portadores de deficiência física ou mental em relação ao conjunto da população de cada Estado não trazia nenhuma definição desse conceito, ou seja, quem é considerado deficiente para efeito de pesquisa formal ou oficial.
Entendo que, nesses casos, o jornal, em vez de facilitar a vida do leitor, encheu-lhe a cabeça de interrogações.
 

Errei: o total de manifestações de leitores ao ombudsman de janeiro a setembro de 2002 foi 5.992, e não 5.922, como publicado no quadro do texto "Números do atendimento" na coluna do último dia 5.
 

Foi redesenhada a página do ombudsman na Folha Online.
Ela está com uma concepção visual mais leve e uma navegação bem mais ágil. O endereço está no quadro, logo aí embaixo.


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