São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2005

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JORNALISMO POLÍTICO

"Mais fatos, menos declarações"

Ouvi dois jornalistas a respeito da cobertura política dos jornais.

Maria Cristina Fernandes, editora de Política do "Valor":
"Endosso as críticas recorrentes ao jornalismo pautado pelas fontes, o declaratório e a ausência de reportagem, mas não acredito que vamos conseguir combatê-las enquanto os jornais não voltarem a ter uma cobertura mais nacional. A maior parte dos jornais tem uma Redação forte na sede e outra grande em Brasília. A capilaridade só aparece em catástrofes, crimes e denúncias. Política mesmo só existe em Brasília, Rio e São Paulo. O país tem uma estrutura federativa e a cobertura de política desconhece o que se passa em 24 unidades da Federação, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais. Há até uma presença razoável dos governadores nos jornais, desde que eles passem por Brasília e dêem suas versões, dificilmente confrontada com a realidade de seus estados e com o contraditório de seus conterrâneos. Os prefeitos também estão sempre em marcha a Brasília, mas os leitores nunca sabem se suas demandas são justas porque desconhecem a realidade dos municípios. Em resumo, falta Brasil na cobertura de política".  

Valdo Cruz, diretor da Sucursal de Brasília da Folha:
"Houve uma falha de avaliação da sucursal ao não acreditar no que ela mesma apurou, a possibilidade de vitória do deputado Severino Cavalcanti. A informação foi publicada, mas de forma tímida. Avaliamos que Severino repetiria o seu repertório tradicional: se lançando candidato a presidente da Câmara, mas desistindo na hora final em troca de algum cargo na Mesa Diretora.
Creio que o jornal carece de mais reportagens que aprofundem a investigação do submundo da política em Brasília, de como se dão as negociações -a maior parte delas envolvendo interesses econômicos.
Um caminho para melhorar é aumentar o leque de pessoas ouvidas, evitar o fontismo (falar sempre com os mesmos congressistas e ministros) e gastar mais energia com os setores que parecem alijados do poder, mas que têm força para produzir resultados como agora. Em resumo, fugir, de certa forma, do declaratório -apesar de na política ele ter sua importância- e buscar mais fatos".


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