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JORNALISMO POLÍTICO
"Mais fatos, menos declarações"
Ouvi dois jornalistas a respeito da cobertura política dos
jornais.
Maria Cristina Fernandes, editora de Política do "Valor":
"Endosso as críticas recorrentes ao jornalismo pautado
pelas fontes, o declaratório e a
ausência de reportagem, mas
não acredito que vamos conseguir combatê-las enquanto
os jornais não voltarem a ter
uma cobertura mais nacional.
A maior parte dos jornais tem
uma Redação forte na sede e
outra grande em Brasília. A capilaridade só aparece em catástrofes, crimes e denúncias.
Política mesmo só existe em
Brasília, Rio e São Paulo. O
país tem uma estrutura federativa e a cobertura de política
desconhece o que se passa em
24 unidades da Federação, nas
Assembléias Legislativas e nas
Câmaras Municipais. Há até
uma presença razoável dos governadores nos jornais, desde
que eles passem por Brasília e
dêem suas versões, dificilmente confrontada com a realidade de seus estados e com o
contraditório de seus conterrâneos. Os prefeitos também
estão sempre em marcha a
Brasília, mas os leitores nunca
sabem se suas demandas são
justas porque desconhecem a
realidade dos municípios. Em
resumo, falta Brasil na cobertura de política".
Valdo Cruz, diretor da Sucursal
de Brasília da Folha:
"Houve uma falha de avaliação da sucursal ao não acreditar no que ela mesma apurou,
a possibilidade de vitória do
deputado Severino Cavalcanti.
A informação foi publicada,
mas de forma tímida. Avaliamos que Severino repetiria o seu
repertório tradicional: se lançando candidato a presidente da Câmara, mas desistindo na hora final em troca de algum cargo na
Mesa Diretora.
Creio que o jornal carece de
mais reportagens que aprofundem a investigação do submundo
da política em Brasília, de como
se dão as negociações -a maior
parte delas envolvendo interesses
econômicos.
Um caminho para melhorar é
aumentar o leque de pessoas ouvidas, evitar o fontismo (falar
sempre com os mesmos congressistas e ministros) e gastar mais
energia com os setores que parecem alijados do poder, mas que
têm força para produzir resultados como agora. Em resumo, fugir, de certa forma, do declaratório -apesar de na política ele ter
sua importância- e buscar mais
fatos".
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