São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O muro de Nova York

O mundo atravessou esta semana uma das mais graves crises da história do capitalismo. Alguém usou a imagem de que ela pode levar à queda do Muro de Nova York, que teria para a economia a importância simbólica que a do Muro de Berlim teve para a política.
Pode nem vir a ser tanto assim, mas que o problema é grande, é. A Folha começou a cobertura mal, foi bem de terça a quinta e, a meu ver, acabou mal na sexta.
Na segunda, os prenúncios da tempestade eram claríssimos. Mas o jornal preferiu passar por cima deles e deu de manchete um texto ilógico, no qual se fazia ligação absurda entre as promessas do governo federal de usar a renda do pré-sal em educação com o fracasso do ensino em municípios fluminenses que ganharam muito dinheiro com o petróleo.
Durante a semana, as notícias e especialmente as análises para o furacão financeiro foram extensas, abrangentes e diversificadas.
Na sexta, em minha opinião, o jornal errou ao não dar como manchete os efeitos mais significativos da confusão para o Brasil, com a alta do dólar e a primeira intervenção do governo, para detê-la.
O colunista Vinícius Torres Freire discordou da minha avaliação. Argumentou ao ombudsman que os estudos do governo americano que foram o objeto da manchete da Folha eram mais que isso: "quem vai assumir as dívidas podres é o problema central da crise".
Para ele, o leitor não teria compreensão melhor da situação se a manchete tivesse sido a questão do dólar. Ao contrário, teria perdido o essencial.
Pode ser. Mas não tenho dúvida de que a ênfase nos planos do governo americano enfraqueceu a capa da Folha e distanciou a curiosidade do leitor.
O importante é o jornal manter atenção e foco nos próximos dias para explicar ao leitor o que se passa e tentar antecipar como esses fatos podem transtornar a sua vida.


Texto Anterior: Água mole em pedra dura...
Próximo Texto: Para ler
Índice


Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Carlos Eduardo Lins da Silva/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.