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O muro de Nova York
O mundo atravessou esta semana uma das mais graves crises da história do capitalismo.
Alguém usou a imagem de que
ela pode levar à queda do Muro
de Nova York, que teria para a
economia a importância simbólica que a do Muro de Berlim
teve para a política.
Pode nem vir a ser tanto assim, mas que o problema é
grande, é. A Folha começou a
cobertura mal, foi bem de terça
a quinta e, a meu ver, acabou
mal na sexta.
Na segunda, os prenúncios
da tempestade eram claríssimos. Mas o jornal preferiu passar por cima deles e deu de
manchete um texto ilógico, no
qual se fazia ligação absurda
entre as promessas do governo
federal de usar a renda do pré-sal em educação com o fracasso
do ensino em municípios fluminenses que ganharam muito
dinheiro com o petróleo.
Durante a semana, as notícias e especialmente as análises para o furacão financeiro
foram extensas, abrangentes e
diversificadas.
Na sexta, em minha opinião,
o jornal errou ao não dar como
manchete os efeitos mais significativos da confusão para o
Brasil, com a alta do dólar e a
primeira intervenção do governo, para detê-la.
O colunista Vinícius Torres
Freire discordou da minha avaliação. Argumentou ao ombudsman que os estudos do governo americano que foram o
objeto da manchete da Folha
eram mais que isso: "quem vai
assumir as dívidas podres é o
problema central da crise".
Para ele, o leitor não teria
compreensão melhor da situação se a manchete tivesse sido a
questão do dólar. Ao contrário,
teria perdido o essencial.
Pode ser. Mas não tenho dúvida de que a ênfase nos planos
do governo americano enfraqueceu a capa da Folha e distanciou a curiosidade do leitor.
O importante é o jornal manter atenção e foco nos próximos dias para explicar ao leitor
o que se passa e tentar antecipar como esses fatos podem
transtornar a sua vida.
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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