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Contradições econômicas
O leitor Vagner Bessa escreveu para dizer que não entende
"os critérios da Folha para estampar notícias sobre a crise
econômica na primeira página". Nem eu.
Como ele argumenta, às vezes o jornal destaca a variação
mês a mês das estatísticas da
atividade econômica (por
exemplo, ao noticiar os índices
de desemprego de janeiro), às
vezes a anual (ao informar a
produção industrial).
Nos dois casos, coincidência
ou não, a periodicidade escolhida foi a que trazia conclusões mais negativas.
Não há no jornalismo mandamento que diga que fatos
ruins são mais importantes que
os bons. São mais notícia os
mais inesperados, inusitados,
próximos do leitor, que o afetem mais diretamente ou lhe
causem mais empatia. Não necessariamente os piores.
Outro caso curioso de disparidade de critérios ocorreu nesta sexta, quando se divulgaram
resultados da pesquisa Datafolha com a primeira queda na
avaliação pública do governo
federal em dois anos. Atribuiu-se -hipótese razoável- o declínio aos efeitos da crise.
Ao anunciar o tombo do PIB
no quarto trimestre, o jornal
julgou que o aspecto mais importante era o de ele ter sido o
maior entre 37 países.
O parâmetro comparativo
com as outras nações daquele
grupo não foi utilizado ao tratar da perda de apoio ao governo na população.
Não seria interessante saber
como os cidadãos daquelas sociedades reagiram aos seus
chefes de governo após consequências adversas da crise econômica? A diminuição da popularidade do presidente Lula
foi também a maior neste grupo? Não é a questão fundamental, mas seria interessante.
A Folha desprezou esse confronto. Limitou-se a mostrar os
índices de aprovação atuais do
presidente Obama nos EUA o
que não faz muito sentido porque ele acaba de assumir e não
tem série histórica.
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
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