São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Contradições econômicas

O leitor Vagner Bessa escreveu para dizer que não entende "os critérios da Folha para estampar notícias sobre a crise econômica na primeira página". Nem eu.
Como ele argumenta, às vezes o jornal destaca a variação mês a mês das estatísticas da atividade econômica (por exemplo, ao noticiar os índices de desemprego de janeiro), às vezes a anual (ao informar a produção industrial).
Nos dois casos, coincidência ou não, a periodicidade escolhida foi a que trazia conclusões mais negativas.
Não há no jornalismo mandamento que diga que fatos ruins são mais importantes que os bons. São mais notícia os mais inesperados, inusitados, próximos do leitor, que o afetem mais diretamente ou lhe causem mais empatia. Não necessariamente os piores.
Outro caso curioso de disparidade de critérios ocorreu nesta sexta, quando se divulgaram resultados da pesquisa Datafolha com a primeira queda na avaliação pública do governo federal em dois anos. Atribuiu-se -hipótese razoável- o declínio aos efeitos da crise.
Ao anunciar o tombo do PIB no quarto trimestre, o jornal julgou que o aspecto mais importante era o de ele ter sido o maior entre 37 países.
O parâmetro comparativo com as outras nações daquele grupo não foi utilizado ao tratar da perda de apoio ao governo na população.
Não seria interessante saber como os cidadãos daquelas sociedades reagiram aos seus chefes de governo após consequências adversas da crise econômica? A diminuição da popularidade do presidente Lula foi também a maior neste grupo? Não é a questão fundamental, mas seria interessante.
A Folha desprezou esse confronto. Limitou-se a mostrar os índices de aprovação atuais do presidente Obama nos EUA o que não faz muito sentido porque ele acaba de assumir e não tem série histórica.


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