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Contrapropaganda
Páginas do primeiro caderno
da Folha esta semana foram
atacadas por estranha praga
verde. Bolas dessa cor invadiram o espaço das notícias, especialmente as internacionais, e
prejudicaram sem a menor
sombra de dúvida sua inteligibilidade e o conforto do leitor.
Tratava-se de campanha publicitária típica da obsessão de
alguns "criativos" de ocupar a
área do jornal que pertence à
informação jornalística, na esperança de atrair a atenção do
consumidor. Conseguem, mas
o preço que pagam é alto: a
aversão do público.
Muitos leitores se queixaram
ao ombudsman. João Nicolau
Carvalho escreveu: "Qual a sua
função [das bolinhas]? Hipnotizar o leitor? Não funciona... As
bolinhas prejudicam nossa reflexão. Geram distonia entre a
forma e o conteúdo".
Alison Sales reclamou "porque as bolinhas causaram tamanho incômodo que simplesmente não consegui ler". Talita
Vasques pediu: "Não deixem
que a "criatividade" das agências
de publicidade denigra a imagem do maior jornal do país".
A Redação disse ao ombudsman que a ela "cabe apenas vetar extremos que desfigurem a
imagem editorial do jornal". Eu
acho que este foi um caso extremo e que a campanha deveria
ter sido vetada.
Tenho recebido inúmeras
críticas de leitores inconformados com o excesso de anúncios
nos últimos meses. Respondo
que, embora a maioria de leitores e jornalistas talvez prefira
jornal sem publicidade, é ela
que garante as condições para o
veículo ser independente e de
boa qualidade.
Uma coisa é o incômodo de
virar páginas inteiras ou separar cadernos sobre produtos
que podem não interessar a
muitos. Outra é desrespeitar
claramente o direito essencial
do leitor, que é ler o produto
que comprou.
Sem contar que, muito provavelmente, a campanha é um
tiro no pé do anunciante. Mas
esse é um problema dele, que
preferiu esse caminho.
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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Carlos Eduardo Lins da Silva/ombudsman,
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