São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Contrapropaganda

Páginas do primeiro caderno da Folha esta semana foram atacadas por estranha praga verde. Bolas dessa cor invadiram o espaço das notícias, especialmente as internacionais, e prejudicaram sem a menor sombra de dúvida sua inteligibilidade e o conforto do leitor.
Tratava-se de campanha publicitária típica da obsessão de alguns "criativos" de ocupar a área do jornal que pertence à informação jornalística, na esperança de atrair a atenção do consumidor. Conseguem, mas o preço que pagam é alto: a aversão do público.
Muitos leitores se queixaram ao ombudsman. João Nicolau Carvalho escreveu: "Qual a sua função [das bolinhas]? Hipnotizar o leitor? Não funciona... As bolinhas prejudicam nossa reflexão. Geram distonia entre a forma e o conteúdo".
Alison Sales reclamou "porque as bolinhas causaram tamanho incômodo que simplesmente não consegui ler". Talita Vasques pediu: "Não deixem que a "criatividade" das agências de publicidade denigra a imagem do maior jornal do país".
A Redação disse ao ombudsman que a ela "cabe apenas vetar extremos que desfigurem a imagem editorial do jornal". Eu acho que este foi um caso extremo e que a campanha deveria ter sido vetada.
Tenho recebido inúmeras críticas de leitores inconformados com o excesso de anúncios nos últimos meses. Respondo que, embora a maioria de leitores e jornalistas talvez prefira jornal sem publicidade, é ela que garante as condições para o veículo ser independente e de boa qualidade.
Uma coisa é o incômodo de virar páginas inteiras ou separar cadernos sobre produtos que podem não interessar a muitos. Outra é desrespeitar claramente o direito essencial do leitor, que é ler o produto que comprou.
Sem contar que, muito provavelmente, a campanha é um tiro no pé do anunciante. Mas esse é um problema dele, que preferiu esse caminho.



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Carlos Eduardo Lins da Silva é o ombudsman da Folha desde 22 de abril de 2008. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Carlos Eduardo Lins da Silva/ombudsman, ou pelo fax (011) 3224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue 0800 0159000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.


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