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Jornalismo de celebridades
Não foram muitos, mas alguns
leitores reclamaram da cobertura e do espaço que a Folha dedicou ao casamento do jogador
Ronaldo com a modelo Daniela
Cicarelli no castelo de Chantilly,
próximo a Paris, dia 14.
Reproduzo trechos de algumas
cartas que sintetizam as reclamações. "A cobertura do casamento do Ronaldo foi muito
exagerada, parecia ilha de "Caras". Enviar um jornalista para
esse tipo de evento é ridículo e
descabido." Outra: "(...) Se essa
reportagem tivesse sido publicada em uma revista de entretenimento já seria questionada. Caso estivesse na Ilustrada, não estaria condizente com o Projeto
Folha. No caderno de Esportes,
ela é uma aberração".
A Folha exagerou realmente
nessa cobertura? Acho que nenhum jornal tem como escapar
desse tipo de noticiário. Também não vejo problema em enviar um repórter para fazer o casamento. É melhor do que ficar à
mercê das agências. Um bom repórter pode fazer um trabalho
diferente. Seria problema gastar
dinheiro com uma viagem desta
se o jornal não estivesse enviando repórteres para o sul do Pará,
por exemplo. Não é o caso.
O problema, na minha opinião, não é cobrir, mas como cobrir. Jornais como a Folha, que
se pretendem formadores de opinião mas estão sujeitos às pressões do mercado, ficam perdidos
nestas horas. Não podem se render muito à curiosidade dos leitores para não parecerem frívolos; não podem ser críticos demais para não ficarem chatos.
Acabam não satisfazendo os que
querem fofoca nem os que querem reflexão.
Acho que foi um pouco isso
que ocorreu nesta cobertura: um
tanto de escândalos e de futilidades, como na reportagem "Daniella expulsa ex-rival de casamento", e outro tanto de reportagens que tentavam entender o fenômeno, como a capa de Ilustrada de 20 de fevereiro, "Cenas de
um casamento".
Como transformar essa curiosidade irrefreável pelas celebridades e seus barracos em reportagens inteligentes? Esse é o desafio que jornais como a Folha têm
de enfrentar se planejam continuar formadores de opinião.
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