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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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Três casos de Istambul

O encontro da Organization of News Ombudsmen, em Istambul (Turquia), semana retrasada, discutiu, entre outros pontos, três casos significativos sobre o papel do "advogado dos leitores". Vale a pena registrá-los.
1) "Le Monde" (França) - Ombudsman desde 1998, Robert Solé relatou o episódio em que sofreu censura do jornal. Foi na coluna de 2 de março deste ano, da qual a direção suprimiu 15 linhas. Estas traziam a opinião de que o jornal não devia reagir só de forma genérica às acusações contra sua cúpula contidas no best-seller "A Face Oculta do 'Monde'" (lançado no início do ano), mas sim esclarecendo pontos graves. Revelavam, ainda, que a Redação estava recenseando erros do livro e os divulgaria "cedo ou tarde".
Em vez de se demitir, Solé preferiu, na semana seguinte, republicar o trecho censurado, explicando o ocorrido. Ao lado, saiu um texto explicativo, com pedido de desculpas, assinado pelo diretor de Redação.
2) "The New York Times" (EUA) - Apesar de louvar a decisão do jornal de criar um ombudsman ("public editor", ainda não indicado) após o caso Jayson Blair, o encontro levantou dúvidas sobre itens que podem limitar sua força: a) a falta de uma coluna com local e dia fixos no jornal (prevê-se que ele escreva, mas sem se estabelecer regularidade); b) o fato de estar hierarquicamente subordinado ao diretor de Redação em vez de ter posição formal independente da estrutura interna; e c) o prazo de um ano de mandato, em experiência, sem maiores garantias. A conferir.
3) BBC - Admitidos os erros do jornalista Andrew Gilligan no caso que gerou embate histórico entre o governo e a rede pública britânica, além do suicídio do cientista David Kelly, e constatadas a partir daí falhas de controle interno na BBC, discute-se, ali, a criação de um ombudsman.
Em artigo no diário "The Guardian" (20/9), Alan Rusbridger, diretor de Redação desse jornal e que fez palestra em Istambul, defendeu a idéia: "Quanto estrago e quanta tragédia poderiam ter sido evitados se a organização tivesse publicado com rapidez um equilibrado e cauteloso esclarecimento sobre os pontos da reportagem de Gilligan que não tinham como ser defendidos". Também a conferir.


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