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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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Liberalidade

Advertido por um leitor, fui atrás de um artigo da "Veja" do domingo retrasado e outro do "Estado de S.Paulo" de 7/3. Este se chama "Eu sou um liberal"; o da revista, "Você também é liberal". Seu autor é o jornalista João Mellão Neto (veja abaixo).
Em seu início, o de março resume a evolução da presença das idéias liberais no século passado. Depois, o articulista afirma achar oportuno republicar o "Credo Liberal", um texto, ele diz, "que compilei há muitos anos", com os "principais postulados do pensamento liberal".
Escreve Mellão Neto: "...se você, leitor, concordar com tudo o que é dito a seguir, é porque você, mesmo sem o saber, é um liberal também. E não há por que se envergonhar disso".
Metade do artigo, a partir daí, é a tal reunião de idéias, todas começando com "Ser liberal é...".
Na revista, o texto também traça as oscilações da presença do liberalismo, repete o "se você, leitor..." e o "Credo Liberal".
O jornalista Mellão Neto, procurado por mim, afirma o seguinte: "A semelhança entre meus dois artigos está na re-publicação do "Credo Liberal". Em momento algum eu afirmei que o "Credo" era uma publicação original. Eu já o publiquei antes em outras ocasiões".
É natural que um autor repise seus princípios, mas espaços para artigos na mídia, instituídos para arejar o debate, pressupõem que seus protagonistas, ao apresentar as mesmas e legítimas idéias, procurem ao menos formas diferenciadas de argumentação. Não é o caso aqui.
O texto na "Veja" não esclarece que se trata de uma re-publicação. Traz o "Credo" como compilação inédita. Soa, assim, como um auto-plágio, que pouco acrescenta ao debate público.



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