São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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EM SÃO PAULO

NO DOMINGO passado, a manchete do jornal para a pesquisa Datafolha de intenções de voto para a Prefeitura de São Paulo foi "Diferença Alckmin/Kassab cai à metade". Mas, inegavelmente, o fato mais notável foi que a diferença entre Marta Suplicy e Geraldo Alckmin pulara de 4 para 17 pontos.
Apontei este equívoco na crítica interna e recebi inúmeras mensagens de leitores que concordavam com minha posição inicial. Só na tarde de segunda foi que me lembrei da notícia no dia 16 de agosto, oito dias antes, dada com destaque na primeira página, do avanço de Marta sobre Alckmin, registrado em pesquisa do Ibope.
A proximidade da informação sobre o Ibope atenua, mas não elimina o erro. Era possível abordar o progresso da petista sobre o tucano de maneira diversa da notícia anterior. Por exemplo, destacando a possibilidade de ela vir a vencer a eleição ainda no primeiro turno.
É verdade que também é interessante a chance de Gilberto Kassab, em vez de Alckmin, ao contrário do que o senso comum vinha indicando, ser o adversário de Marta no segundo turno. Mas a notícia principal na semana, ainda assim, foi o disparo da candidata do PT, e ela merecia a prioridade.
Apesar deste e de outros erros jornalísticos ao longo da campanha, a cobertura da Folha do pleito municipal paulistano tem sido até aqui marcada por relativamente poucos deslizes ostensivos.
Os maiores equívocos ocorreram em prejuízo do candidato à reeleição, inclusive um especialmente vexatório, corrigido na sexta-feira: ao contrário do que afirmara o jornal na véspera, o TRE não proibiu Kassab de usar marca de leite na sua propaganda na TV.
É um erro grave de apuração, injustificável, que pelo menos o jornal reconheceu com presteza e destaque e sem subterfúgios.
Parece-me natural que, por estar no poder, Kassab seja alvo de maior vigilância e receba mais reportagens que lhe são negativas. Nas duas últimas semanas, a Folha reequilibrou um pouco o jogo, tendo publicado textos que mostraram problemas de Marta e Alckmin quando em cargos executivos.
Na sexta deu ótima reportagem para apontar que os dois deixaram de cumprir promessas sobre investimentos para ampliar o metrô e o atual prefeito liberou menos dinheiro do que apregoa para tal ampliação.
O que o leitor espera do jornal é isso: uma cobertura isenta, imparcial, crítica a todos os candidatos, que cheque suas declarações e não cometa erros. E que mostre, como vem fazendo, as propostas de todos para problemas específicos da cidade.


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