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Ombudsman SUZANA SINGER - ombudsman@uol.com.br - @folha_ombudsman A tentação dos números Em excesso e sem a devida contextualização, cifras enchem o noticiário e não fazem sentido para os leitores No impreciso e subjetivo mundo em que se move o jornalismo, números são tentadores. Eles conferem uma aura de cientificidade, passam a impressão de que aquela reportagem diz a verdade, que não se baseia em declarações ou opiniões. As cifras se espalham pela Folha, muitas vezes, maltratadas. Na segunda-feira passada, a manchete dizia: "PF apurou desvios de R$ 3,2 bilhões em 2011". O título interno informava que era um recorde. O leitor entendeu que o ano passado foi marcado pela corrupção, mas não era isso. O montante inclui somas descobertas em investigações anteriores, isto é, a malversação pode ter acontecido em 2010, 2009... Esse detalhe está perdido no texto, sem destaque. No dia seguinte ao Natal, outra manchete brandia um número cheio de zeros: "País perde R$ 15 bi com acidentes em estradas neste ano". A reportagem principal, de apenas 14 parágrafos, tinha 15 dados. A explicação sobre como os especialistas calculam o prejuízo com as vítimas do trânsito (os gastos no atendimento e quanto a pessoa deixa de produzir) ficou socada em poucas linhas, incompreensível. Para evitar "pecados matemáticos", a Folha poderia adotar alguns mandamentos:
1. NÃO DIVULGARÁS NÚMEROS SEM CONTEXTUALIZÁ-LOS
2. NÃO REPETIRÁS NÚMEROS SEM QUESTIONÁ-LOS
3. DUVIDARÁS DAS FONTES
4. NÃO TE PRECIPITARÁS
5. SERÁS COMEDIDO |
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