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Estímulo à inovação

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País avança na produção de artigos científicos, mas integração da pesquisa universitária com setor produtivo deixa a desejar

A criação de novos produtos e processos de produção nunca foi a marca das empresas brasileiras -salvo poucas exceções, como Embraer, Embrapa ou Petrobras.

No entanto vem crescendo a percepção de que a capacidade das empresas de competir, tanto no exterior como no mercado interno, vai depender cada vez mais de ganhos de produtividade -até porque o paliativo fácil da desvalorização da moeda para ajudar exportadores não estará no horizonte dos próximos anos.

Um sintoma importante dessa nova atitude foi o lançamento, em 2009, da Mobilização Empresarial pela Inovação, iniciativa capitaneada pela Confederação Nacional da Indústria. Também pelo lado do poder público aparecem novas providências, mas ainda tímidas.

O BNDES, por exemplo, apenas a partir de 2004 passou a oferecer linhas de financiamento voltadas para a atividade inovadora -que, embora possa propiciar retorno alto, opera com elevado grau de incerteza. A pesquisa nem sempre atinge os resultados esperados.

O volume de crédito subsidiado oferecido pelo setor público às empresas engajadas no esforço de inovar tem aumentado nos últimos anos. O mesmo tem ocorrido com a concessão de incentivos fiscais a empresas e instituições de pesquisa.

A mudança no ambiente econômico no país, com estabilidade nos preços, crescimento e relativa solidez nas finanças do setor público, repercute bem no exterior.

Anthony Knopp, responsável pela interface entre empresas brasileiras e um dos principais centros de pesquisa dos EUA, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), destacou, em entrevista recente à Folha, que o Brasil acorda para a inovação. De fato, mas ainda é débil a articulação entre a pesquisa desenvolvida nas universidades e o esforço inovador do setor produtivo.

A quantidade de artigos científicos realizados por acadêmicos brasileiros tem crescido muito nos últimos anos. Mas pouco desse esforço traduz-se em avanço tecnológico. O descompasso reflete, em parte, a distância que ainda separa universidades e empresas brasileiras.

Outro fator é o número baixo, na comparação com países mais profícuos no desenvolvimento de tecnologias de produção, de estudantes e pesquisadores em áreas como engenharia, biologia, química e física.

É preciso, portanto, avançar na adequação do perfil das atividades universitárias ao imperativo da inovação. Cabe ao setor público fortalecer os mecanismos de fomento à inovação, tornando-os mais seletivos. A definição de setores prioritários permitiria maior concentração de esforços e tenderia a trazer resultados mais significativos.

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