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Carlos Heitor Cony

Imprensa em funeral

RIO DE JANEIRO - Leio na coluna de Suzana Singer, ombudsman da Folha, que o suplemento * "Folhateen"* (1991-2011) não mais circulará, após 20 anos em que, apesar de tecnicamente bem-feito, não chegou a atrair o público-alvo, o adolescente que recusa produtos infantis e ainda não se interessa pelos temas e comentários adultos.

Suzana analisa em profundidade o problema que, de forma bem mais ampla, desafia diariamente o jornalismo impresso. Durante muitos anos, os cadernos dedicados ao esporte, sobretudo ao futebol, eram a porta de entrada do leitor para o jornal propriamente dito. Uma ou outra seção mais leve não substituía o "Tico-Tico" nem o "Suplemento Juvenil", com seus heróis que ainda resistem até hoje.

O advento do rádio não afetou o jornal, acredito que o beneficiou. Mas a TV, a era digital com seus múltiplos recursos, em expansão cada vez maior, criaram um universo de informação que a imprensa de Gutenberg não pode competir, por mais atrativos e necessidades que crie.

Lembro a morte de Kennedy, em 1963. Eu editava a primeira e a última páginas do "Correio da Manhã", estava na oficina paginando a radiofoto que nos chegara (o presidente caído no colo de sua mulher) quando a TV mostrou o assassinato de Lee Oswald, ao vivo.

Com a internet, o Facebook, o Twitter, nem a TV pode acompanhar os fatos, pelo contrário, aos poucos está se transformando numa caudatária da mídia digital. Evidente que haverá espaço para o jornal impresso, mas em outra escala. O mesmo já está acontecendo com o livro.

Em 1517, Martinho Lutero mudou o mundo afixando um aviso na porta da catedral de Wittenberg, na Alemanha, iniciando a Reforma, rompendo com Roma e, em parte, com a civilização mediterrânea. Foi o primeiro Twitter da história.

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