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Ruy Castro

Museu do café society

RIO DE JANEIRO - O Brasil é o único país da América que teve um rei, dois imperadores, toda uma nobreza e uma cidade que, fato único na história, passou de sede de colônia à do Império --o Rio. Aqui, entre 1808 e 1831, deram-se os fatos que levaram à independência do país, à manutenção da unidade territorial, à sua primeira Constituição e à continuidade do poder quando o primeiro imperador abdicou por seu filho.

Os EUA não têm essa história, mas guardam um respeito quase religioso pela que lhes é equivalente. Cultuam seus pais da pátria --George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln--, conservam sua memorabilia, constroem-lhes monumentos e dedicam-lhes centros de estudos. Em Springfield, Illinois, não só a casa em que Lincoln morou de 1844 a 1861 é preservada, como os quatro quarteirões inteiros ao redor. Vá alguém se atrever a transformar o complexo num museu da música country para abrigar as camisas franjadas de Roy Rogers.

No Rio, temos em São Cristovão o Museu do Primeiro Reinado, num palacete que o imperador d. Pedro 1° construiu em 1826 para sua amante, Domitila de Castro --ou Casa da Marquesa de Santos, como é chamada, pelo título que ele lhe concedeu. Lê-se agora nas folhas que ali teremos o Museu da Moda, com destaque para os vestidos da grã-fina Carmen Mayrink Veiga e uma pesquisa sobre sandálias Havaianas.

Quem me alertou para esse disparate foi o historiador Nireu Cavalcanti, uma autoridade em Rio. Por que comprometer um museu tão específico e seu importante acervo se o Estado tem imóveis vazios na praça Tiradentes (esta, sim, o berço da moda no país, com os primeiros grandes magazines, no século 19), na Lapa ou mesmo em São Cristóvão?

E por que esmaecer ainda mais a memória do Primeiro Reinado, de d. Pedro 1°, a quem o Brasil, de certa forma, tudo deve?


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