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Carlos Heitor Cony

JK e Xica da Silva

RIO DE JANEIRO - Medida provisória propõe a redução do Parque Nacional da Serra da Canastra (MG) em 40%, para permitir uma área maior destinada a atividades econômicas -dentre as quais, a extração de diamantes.

Há dúvidas quanto à constitucionalidade da medida. Mas a perspectiva é boa: o Brasil poderá se tornar um dos maiores produtores de diamantes do mundo.

O assunto me levou a uma noite do passado, ali pelos inícios dos anos 70, quando, em companhia de JK em Diamantina, uns amigos dele o convenceram a escrever uma carta ao presidente Ernesto Geisel, levantando exatamente a existência de uma grande quantidade de diamante naquela região.

Pouco antes, apesar de perseguido e cassado pelo regime militar, durante a crise do petróleo daquela época JK escrevera uma carta ao presidente propondo a extração do xisto betuminoso, abundante em Santa Catarina, como fonte alternativa de energia. Uma comissão do governo de então recusou a ideia, preferindo jogar tudo em cima do álcool da cana-de-açúcar.

Nem por isso JK desanimou. Nascido e criado em Diamantina, ele se lembrava dos tempos antigos, do velho Tejuco dos faiscadores, quando as donas de casa, ao fazerem a canja dos domingos, encontravam pequenos diamantes nas moelas das galinhas. Praticamente tanto o ouro como as pedras preciosas ficavam à superfície dos rios e dos caminhos que deram à cidade o cenário suntuoso de Xica da Silva e de seu contratador de diamantes.

Ao saber, por geólogos e especialistas, que a região da serra da Canastra podia ser mais rica do que a velha Diamantina, JK ficou alvoroçado. Pensou realmente em escrever para Geisel como no caso do xisto betuminoso. Embora expulso da vida pública, ele continuava pensando no Brasil.

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