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DNA tucano

Aécio Neves, a um passo da candidatura pelo PSDB, revive ideário liberal sem renunciar à disputa do espaço social-democrata com o PT

A melhor evidência de que a campanha presidencial começou a todo vapor está na troca de acusações após o confuso episódio dos boatos sobre cancelamento de benefícios do Bolsa Família.

A correria a postos da Caixa Econômica Federal, no fim de semana que confirmou o senador Aécio Neves (MG) como novo presidente do PSDB, deu margem a mais uma altercação entre petistas e tucanos.

A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) precipitou-se a responsabilizar uma "central de notícias da oposição". O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP), já cogita convocá-la ao Congresso.

Não por coincidência, o caráter vitriólico das declarações tem por móvel um programa que é o emblema da principal dificuldade do pré-candidato tucano: perfilar-se como alternativa ao PT sem hostilizar ampla parcela do eleitorado que se beneficia --13,8 milhões de famílias-- com o Bolsa Família.

Os limites da ação distributiva são um dos dilemas que o PSDB ainda não foi capaz de resolver, embora tenha dado um passo para reduzir o teor de ambiguidade de suas últimas candidaturas à Presidência. O discurso de Aécio no encerramento da convenção que o sagrou presidente do partido guiou-se pela evidente intenção de demarcar um divisor de águas, mas não foi desta vez que o senador conseguiu destacar-se como líder de uma oposição convincente ao petismo.

Aécio ao menos pôs um ponto final na estratégia duvidosa das últimas campanhas. Não tentou apresentar os tucanos como mais petistas que o PT, quer dizer, como o partido criador do Bolsa Família e o que vai manter e aperfeiçoar a política distributiva. Mesmo que se acredite serem corretas e sinceras tais perorações, a experiência mostra que não encontram eco entre eleitores, pois o espaço ideológico da social-democracia já tem dono no imaginário social.

Aécio defendeu com ênfase marcas do PSDB que os paulistas José Serra e Geraldo Alckmin tentaram esmaecer em campanhas passadas. Fez vários elogios ao governo de Fernando Henrique Cardoso, defendeu inequivocamente as privatizações, a estabilização da economia com o Plano Real e a responsabilidade fiscal. Caminhou, enfim, na direção do ideário que os adversários eleitorais se apressariam a rotular de "neoliberal".

O líder tucano deu novos sinais de hesitação, contudo. Repetiu a saudação à bandeira petista, o Bolsa Família, declarando ser o PSDB "o partido dos programas de transferência de renda" --prova de que reluta, ainda, em assumir uma dicção mais liberal com denúncia ácida de seu aspecto assistencialista.


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