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Opinião

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André Singer

Desemprego e manifestações

O relatório de junho, divulgado pelo IBGE na quarta-feira, revela que, embora pequeno, o crescimento da taxa de desemprego aponta para uma inversão de tendência. Enquanto antes as oscilações eram sazonais, com a curva de longo prazo inclinada para o aumento da demanda por mão de obra, agora se percebe um avanço paulatino da desocupação.

Se o dado for lido em conjunto com os resultados das pesquisas de opinião do mês passado, veremos que a população intuiu a reversão de sinal, o que ajuda a entender as jornadas de protestos. A situação do mercado de trabalho está longe de ser a explicação única ou definitiva, mas pode ter sido o pano de fundo para o mal-estar que explodiu de repente.

Convém olhar em conjunto os números que expressam a dificuldade de encontrar postos com carteira assinada e os que dão conta da percepção a respeito por parte dos eleitores.

De um lado, temos a suave curva ascendente dos que não conseguem achar lugar no mercado.

De outro, vê-se a queda abrupta dos que opinam no sentido de que tal situação vai melhorar.

Deduz-se de ambas as informações que a retração, mesmo que moderada, das oportunidades de trabalho, provavelmente somada aos sintomas de que há um baixo ritmo de atividade econômica, levou os entrevistados a concluírem que o horizonte turvou.

Observando uma série histórica apresentada pelo Datafolha desde 2007, o único ponto abaixo do atual no que diz respeito à expectativa de queda do desemprego se encontra em março de 2009. Naquele momento, quando se vivia o pior da crise financeira internacional no Brasil, apenas 17% do eleitorado acreditava que a desocupação iria diminuir. Agora são 19%.

Para que não reste dúvida sobre causa e consequência, note-se que o grosso da mudança na expectativa de melhora do emprego já havia ocorrido quando do início das demonstrações de massa. Foi capturada pelo "survey" fechado em 7 de junho, como se comprova no segundo gráfico. A voz das ruas só potencializou o pessimismo.


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