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Nova medida

Embora possam levantar dúvidas, mudanças na apuração do IPCA, o índice oficial de inflação, têm justificativas técnicas

A partir do ano que vem novos critérios vão nortear o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), computado mensalmente pelo IBGE. A mudança é baseada em estatísticas que documentam a alteração dos padrões de consumo dos brasileiros.

Por técnicas que sejam, alterações nos parâmetros de indicadores que medem o comportamento dos preços são um assunto delicado. O IPCA, em particular, é a medida inflacionária oficial do país no que diz respeito à política monetária -as decisões do Banco Central que alteram as taxas de juros e as condições do crédito. O BC deve agir de modo a limitar a variação de preços à meta de 4,5% ao ano, medida justamente pelo IPCA.

Em passado de triste memória, surgiram suspeitas de manipulação de índices inflacionários no Brasil. Desvios desse tipo podem ter graves consequências econômicas e legais. Índices de preços corrigem contratos privados e obrigações de governos. Sua distorção acarretaria situações como transferir renda de um setor para outro da economia, ou de contribuintes para o governo, por exemplo.

Observe-se que um dos motivos da crise de credibilidade da política econômica da Argentina foi a alteração tecnicamente injustificável do cálculo oficial da inflação.

No Brasil, porém, o que se observa é uma atualização do indicador. Um índice de inflação é uma média ponderada da variação dos preços dos produtos que compõem a cesta de consumo de determinada região ou país. No caso do IPCA, das compras das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos, em áreas urbanas.

Uma média ponderada leva em conta que a variação do preço dos produtos de maior peso nos orçamentos domésticos deve se refletir no índice médio de inflação. A ponderação do índice considera ainda a relevância do consumo regional: variações de preços em regiões de maior renda influenciam mais o IPCA.

As informações a respeito da cesta média de consumo dos brasileiros são obtidas por meio da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), também do IBGE -a mais recente realizada entre 2008 e 2009. Trata-se de uma ampla e detalhada amostra de despesas de consumo.

Com base nessa POF, notou-se que os brasileiros passaram a gastar mais, por exemplo, em eletrônicos e veículos, sinal de aumento de renda -e tais bens ganham peso maior na cesta de consumo. Uma vez que a tendência recente é de estagnação ou de aumento menor do valor pago por esses bens, as estimativas de inflação para 2012 foram reduzidas.

Embora alguma desconfiança tenha se manifestado, os sinais são de que a mudança é estritamente técnica. Espera-se que o IBGE, cuja atuação tem-se mostrado confiável, as tenha promovido da maneira mais rigorosa possível.

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