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Kenneth Maxwell

History Blues

Os historiadores gostam de uma boa briga. Esses conflitos, muitas vezes, acontecem longe dos olhos do público.

Mas não é o caso na feroz disputa em curso entre o professor Niall Ferguson, de Harvard, e o ensaísta indiano radicado em Londres Pankaj Mishra, provocada por uma resenha de Mishra sobre "Civilization - The West and the Rest", de Ferguson, que saiu na "London Review of Books".

Ferguson é autor de um controvertido livro sobre a Primeira Guerra Mundial em que argumenta que o Reino Unido, e não a Alemanha, foi o responsável pela guerra, e de trabalhos sobre a dinastia bancária Rothschild e o financista Siegmund Warburg.

Ferguson é conhecido por seu uso de argumentos contrafactuais e por diversas histórias populares do Império Britânico. Conservador assumido, ele apoiou fortemente a invasão do Iraque pelos EUA.

No momento, é o biógrafo oficial de Henry Kissinger e ganhou fama por sua série de TV, que serviu de base ao livro que Mishra critica severamente. Mishra acusa Ferguson de ser um "homo atlanticus redux" e de mercadejar "histórias sobre o passado glorioso".

Ferguson rebateu alegando que a implicação de Mishra era a de que ele fosse "racista". Afirmou que Mishra lhe devia desculpas públicas por seu artigo "difamatório e desonesto" e ameaçou recorrer à Justiça. Mishra replicou que Ferguson "não é racista", mas que sente um desejo patológico "de se curvar diante dos conquistadores do momento".

Recentemente, Ferguson divorciou-se de sua mulher, antiga editora-executiva dos jornais londrinos "Daily Mail" e "Sunday Times", e casou-se com a bela parlamentar e feminista holandesa Ayaan Hirsi Ali, nascida na Somália, a quem conheceu em uma festa da revista "Time" para sua edição sobre as cem pessoas mais influentes do mundo.

Hirsi Ali é autora do roteiro de "Submission", filme de Theo van Gogh que atacava o extremismo islâmico. Van Gogh foi morto a tiros em Amsterdã, em 2004. Ela e Ferguson estão esperando um bebê.

Mas não é provável que o ataque de Mishra tenha apanhado Ferguson de surpresa. Ele disse ao jornal "The Guardian" que "a esquerda adora ser provocada por mim... acham que sou um reacionário imperialista escroto".

Diversos historiadores britânicos radicados nos EUA como Ferguson, entre os quais Simon Schama e David Cannadine, das universidades Columbia e Princeton, respectivamente, apoiaram recentes propostas do governo britânico para reformar o currículo de história inglesa -isto se restar algum currículo a reformar depois da greve de funcionários públicos iniciada nesta semana no Reino Unido, à qual a maior parte dos professores britânicos aderiu.

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