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Irã mais pragmático

Descontada a retórica nacionalista dirigida ao público doméstico, as primeiras atitudes do recém-empossado presidente iraniano, Hasan Rowhani, sinalizam disposição para fazer avançar o diálogo de seu país com potências ocidentais.

Não é pouco. Sob Mahmoud Ahmadinejad, o crescente isolamento internacional do Irã deixava pouca ou nenhuma perspectiva de solução negociada para o imbróglio nuclear. Embora seja cedo para fazer diagnósticos, é razoável apostar em mudanças no horizonte.

O gabinete nomeado pelo clérigo centrista Rowhani --ainda pendente de aprovação pelo Legislativo-- tem perfil tecnocrata e pragmático, características ausentes nos oito anos anteriores.

Muitos dos 18 ministros indicados --nenhuma mulher, é verdade-- já trabalharam no mandato de outro presidente moderado, Ali Akbar Hashemi Rafsanjani (1989-1997), apoiador de Rowhani.

O nome mais importante é o do diplomata Mohamad Javad Zarif, destacado para o posto de chanceler. Sua biografia surpreende: ele viveu praticamente a metade de seus 53 anos nos EUA, onde frequentou universidades e atuou como embaixador do Irã na ONU, de 2002 a 2007. Nesse período, conheceu pessoalmente membros do alto escalão norte-americano.

Zarif também integrou o grupo de negociação que em 2003, liderado pelo próprio Rowhani, chegou a um acordo com países europeus para a suspensão temporária de enriquecimento de urânio.

As condições favoráveis, porém, não bastam para desaconselhar o ceticismo. De saída porque cabe ao aiatolá Ali Khamenei a última palavra em decisões estratégicas --e nada sugere que a elite iraniana considere a arma nuclear um item supérfluo naquela região.

Há ainda outras dificuldades, a principal das quais talvez seja a desconfiança mútua. Durante discurso no Parlamento, Rowhani cobrou do Ocidente um diálogo em condições de igualdade: "Falem com o Irã usando a linguagem do respeito, não a das sanções".

Sendo pouco provável que isso ocorra em breve, é grande o desafio da comunidade internacional, sobretudo dos EUA, para demonstrar que reconhece o esforço de Teerã. Ao mesmo tempo, os países envolvidos nas negociações não podem abrir mão de manter o programa iraniano sob monitoramento.

Ainda assim, o novo governo e a difícil situação econômica do país constituem rara oportunidade para um acordo positivo acerca da questão nuclear.


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