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O risco continua

Oferta de recursos para bancos europeus alivia tensão, mas não resolve de maneira duradoura a crise financeira do continente

A intervenção conjunta nos mercados realizada pelos principais Bancos Centrais do mundo desenvolvido na última quarta-feira é mais uma evidência do estágio avançado de deterioração do sistema financeiro global.

A contínua perda de credibilidade dos mercados de dívida pública da Europa e a reconhecida insuficiência de capital de seus bancos são as principais causas do problema. Como as instituições bancárias e os governos vivem em perigosa simbiose -estes como garantidores da solvência dos sistemas financeiros, aquelas como as principais detentoras das dívidas públicas-, a suspeita sobre a solidez de um dos lados imediatamente contamina o outro.

Nas últimas semanas, a situação caminhava para tornar-se insustentável. Os custos de rolagem da dívida de países europeus cresciam de modo acelerado, enquanto bancos tinham dificuldades para renovar financiamentos no mercado.

Num quadro como esse, a saída para o gestor de um banco evitar a insolvência é vender seus ativos rapidamente, deixando de rolar empréstimos para empresas e consumidores. É quando se dissemina o contágio para o restante da economia, que, sem crédito, caminha para a recessão.

Ao oferecer recursos em várias moedas e a custos reduzidos para as instituições, os bancos centrais procuram restabelecer o funcionamento do sistema e atenuar os riscos da crise.

O Federal Reserve dos EUA, em particular, desempenha papel relevante, ao providenciar financiamento ilimitado em dólares para o BCE (Banco Central Europeu), que, por sua vez, fará os repasses aos bancos de sua jurisdição.

Mas, apesar de importante, a medida por si só é insuficiente. Serão necessárias novas ações por parte das autoridades europeias, que poderão ser conhecidas na semana que vem, quando ocorrem a próxima reunião do BCE e o encontro dos líderes da zona do euro.

Em discurso no Parlamento Europeu há poucos dias, o novo presidente do BCE, Mario Draghi, deu sinais de que está pronto para afrouxar a política monetária, cortando juros e facilitando ainda mais as condições de acesso dos bancos a seus recursos.

Draghi também parece ter deixado uma porta aberta para intervir com mais vigor nos mercados de dívida da periferia do continente, desde que haja compromisso claro dos governos em promover ajustes nos mecanismos de controle da dívida pública.

Conhecido o peso da economia europeia no cenário internacional, os danos causados por um aprofundamento do descontrole financeiro seriam extremamente graves. O Brasil e o resto do mundo esperam que as autoridades do Velho Mundo consigam, nos próximos dias, restaurar a confiança.

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