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Fernando Rodrigues

Pragmatismo

BRASÍLIA - Depois de algum tempo observando a olho nu a política na capital da República, acho que será pequeno o dano de imagem para a presidente Dilma Rousseff por causa do imbróglio envolvendo o curioso e encrencado ministro do Trabalho, Carlos Lupi.

A economia vai embananar em 2012, mas agora o efeito no bolso dos consumidores é pouco sentido. O fim de ano amolece as percepções. É raro haver gente interessada em "mais um ministro acusado de corrupção". Nas TVs, disse-me um "talking

head" ilustre, a audiência dos noticiários despenca quando entra um assunto "de Brasília". Na balança do imaginário popular, Dilma ainda é a presidente durona que está tentando se livrar do entulho podre da política (sic).

É óbvio que essa imagem propalada não tem relação integral com a realidade. Foi apenas a que grudou na petista. Para sorte dela.

O fato de Dilma ter desdenhado da Comissão de Ética Pública ao não demitir Carlos Lupi só é grave para quem tem interesse em acompanhar os fatos diários da política.

Nesse contexto, a decisão de empurrar a demissão com a barriga o quanto for possível é apenas pragmatismo em estado puro. Dilma calcula a relação custo-benefício.

Se demitisse Lupi logo após a recomendação da Comissão de Ética, ganharia mais um ponto no quesito "eu não tolero malfeitos". Um ganho pequeno. Ela está superavitária nessa área. Já o custo seria alto. Ficaria para sempre refém de uma instância de escalão inferior (a comissão). Teria de passar algumas semanas consolando o PDT, partido do atual ministro do Trabalho. E perderia margem de manobra na minirreforma ministerial de 2012.

Lupi, é claro, é um zumbi na Esplanada. Pode acabar saindo até semana que vem. Não importa mais o desfecho. De relevante, fica a adoção "con gusto" do pragmatismo político por Dilma Rousseff.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br

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