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Paulo M. Hoff TENDÊNCIAS/DEBATES Câncer, prevenção e responsabilidade Muitos tumores ainda não são passíveis de medidas de prevenção, mas poderíamos, sim, diminuir a incidência de câncer de modo substancial Dezembro é tradicionalmente o mês em que fazemos reflexões sobre o ano que finda. Uma oportunidade para repensar e reavaliar a nossa saúde. Neste ano de 2011, o câncer mostrou ainda mais a sua cara. No período, a doença não só acometeu quase 500 mil pessoas no Brasil como também atingiu diversas figuras públicas do país, fazendo com que as atenções se voltassem ainda mais para o problema. Durante todo o ano, discutimos incorporação de novos equipamentos e tratamentos. Atualmente, o Ministério da Saúde investe mais de R$ 2 bilhões por ano para o tratamento oncológico. Essa quantia ainda não é suficiente, e é preciso investir muito mais. Porém, erguer instituições, pesquisar novos medicamentos e disponibilizar novas tecnologias não deve e nem pode ser o único caminho. É preciso que cada cidadão faça a sua parte para combater o câncer. Não fumar, beber moderadamente, manter um peso adequado, usar preservativo, evitar o sedentarismo e manter uma dieta saudável são a receita para impedirmos alguns dos tipos mais frequentes de câncer. Em menos de uma década, a doença será a causa mais comum de morte nos EUA. A tendência é que, se nada mudar, trilharemos o mesmo caminho no Brasil. A única maneira de frearmos o crescimento da incidência de câncer é investir no cuidado, começando por um esforço educacional com a população quanto à prevenção primária. Outro ponto é o estimulo à prevenção secundária, em que o diagnóstico é feito precocemente, antes que o câncer se desenvolva. Essa é uma poderosa arma para tratá-lo. Obviamente, prevenir e evitar todos os tipos de câncer existentes é uma falácia. Muitos tumores ainda não são passíveis de medidas de prevenção primária ou secundária, mas poderíamos diminuir a incidência de câncer substancialmente. Um levantamento recente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, apontou que 18% dos pacientes oncológicos atendidos na instituição assumem ter mantido, ou ainda manter, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas. O estudo, com mais de 26 mil pacientes, revela dado triste e preocupante: ingestão exagerada de álcool eleva chances de desenvolver câncer na boca, na laringe, no esôfago, no pâncreas e no fígado. No último mês, o governo do Estado de São Paulo colocou em prática uma nova lei estadual de combate ao uso de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes. Uma medida que, além de contribuir muito para a saúde dos jovens, é fundamental para reduzir as chances de que, futuramente, a doença atinja tal parcela da população. Vale lembrar um dado importante: o alcoolismo é a segunda causa de morte evitável em todo o mundo, ficando atrás apenas do tabagismo. Infelizmente, o cigarro é hoje responsável, direta ou indiretamente, por cerca de 30% das mortes por câncer. Os eventos recentes ajudaram a desmistificar e trazer à discussão o tratamento do câncer. A repercussão e a difusão do assunto, sem nenhum tipo de preconceito e com informações concisas e sérias, são grandes aliadas para mudar o futuro e a saúde de uma população. Se trabalhássemos somente com fatores etiológicos passíveis de mudança, já diminuiríamos consideravelmente as mortes pela doença. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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