Índice geral Opinião
Opinião
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Menos ministérios

A presidente Dilma deveria aproveitar a oportunidade da reforma ministerial para reduzir drasticamente a quantidade de pastas

Como se repete a cada governo, vai se aproximando o momento de a presidente Dilma Rousseff anunciar sua primeira reforma ministerial, prevista para janeiro. A justificativa da mudança é o calendário eleitoral, que exige o afastamento, até abril, dos ministros que pretendam se candidatar às eleições municipais de outubro do ano que vem.

Há, no entanto, outras razões para a troca de assessores. A mandatária viu-se obrigada a preencher parte do primeiro escalão com nomes indicados por seu padrinho político, o ex-presidente Lula -e, ao longo do ano, foi forçada a desvencilhar-se de alguns deles devido a suspeitas de tráfico de influência ou de irregularidades na gestão de recursos.

O caso mais recente, depois de longa novela, foi o pedido de demissão de Carlos Lupi, do Ministério do Trabalho -o sétimo a deixar a Esplanada desde janeiro.

Embora seja inevitável que a nova composição venha a refletir os compromissos do governo com os partidos de sua base parlamentar, as circunstâncias recomendam especial cuidado com o aspecto ético e técnico das escolhas.

Diante da impressionante sequência de quedas precipitadas por revelações de desvios, espera-se que a mandatária risque de sua lista políticos com "passivos" problemáticos no terreno dos bons costumes administrativos.

Seria desejável, todavia, que o Executivo fosse além da obrigação de restaurar a credibilidade de sua equipe, com uma seleção de titulares confiáveis e competentes. Com efeito, já é tempo de proceder-se a uma reestruturação administrativa com vistas a eliminar o excesso de pastas criadas ao sabor das conveniências da gestão anterior.

Em recente seminário promovido pelo jornal "Valor Econômico", o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente da Câmara de Gestão do governo Dilma, considerou "impossível" administrar de forma eficiente um país com 24 ministérios, 14 cargos com status de ministro e 23,5 mil assessores de confiança.

O inchaço ocasiona sobreposição de tarefas, conflitos administrativos, lentidão e gastos inúteis. Se conseguiu criar expectativas favoráveis com os cortes orçamentários anunciados no início de seu mandato, a presidente Dilma tem agora motivos mais prementes para conter as despesas de custeio e elevar a capacidade de investimento do Estado.

Uma redução drástica da estrutura ministerial decerto não representa uma solução para todos os males, mas seria uma sinalização sem dúvida oportuna -em especial na presente conjuntura de crise econômica, que tem punido nações, mesmo as mais ricas, negligentes com o controle do endividamento público.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.