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Valdo Cruz

Cena brasiliense

BRASÍLIA - Ao final de um jantar em sua homenagem, o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves, acompanha a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) até a porta de saída.
Antes de se despedir, faz uma última perguntinha, colocando a mão sobre o ombro da ministra. "Será que não dá para aprovar pelo menos R$ 1 bilhão de aumento salarial do Judiciário no Orçamento de 2012?".
Ideli responde de pronto. "Não." O líder insiste, diz que é pouco dinheiro, não fará grande diferença. A ministra rebate: "Não, não e não, a presidente não quer, vai gerar um efeito cascata em outras categorias, o que pode comprometer o ajuste fiscal".
A cena mostra como é forte o lobby do Judiciário e como, até aqui, pelo menos, a presidente se mantém disposta a fazer um ajuste fiscal forte o suficiente para segurar a inflação e permitir que o Banco Central siga reduzindo a taxa de juros.
Por sinal, Dilma será, a partir de agora, cada vez mais tentada a abrir os cofres e reduzir o superavit primário do governo -a economia para pagamento dos juros da sua dívida. Motivo: a freada brusca na economia neste final de ano já fez surgir um movimento em defesa do aumento dos gastos públicos.
Formado, de um lado, por um grupo que até pode ser considerado bem-intencionado, com gente da própria equipe econômica, de olho na retomada da economia. De outro, por ministros políticos e parlamentares, cujo objetivo é ganhar as eleições municipais e ponto final.
Guido Mantega, ministro desenvolvimentista hoje visto como um dos mais conservadores do governo, sentiu o cheiro de queimado nas redondezas e mandou seu recado: o ajuste fiscal será mantido no mesmo tamanho em 2012.
Uma dúvida, porém, paira no ar. O que fará Dilma se a economia não reagir e ficar longe do tão sonhado crescimento de 4%? Assessores dizem que ela não sucumbirá à tentação. Tomara. A conferir.

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