Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Opinião

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Mudança de patamar

Figuras de primeiro plano na administração tucana são citadas como recebedoras de propina, e caso de cartel em São Paulo vai para o STF

Escândalos de corrupção tendem, normalmente, a seguir um de dois destinos possíveis: ou enveredam pelos escalões inferiores, até se perderem na capilaridade e na insignificância política, ou ascendem no rumo de figuras cada vez mais importantes da vida pública.

O caso Siemens vai trilhando, sem dúvida, a segunda via. Iniciado por um acordo de delação premiada, no qual um ex-diretor da empresa alemã apontava a existência de um cartel no setor de transportes urbanos do governo estadual paulista, tinha como principais envolvidos, até agora, ex-dirigentes da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Não só teria havido partilha de encomendas entre as empresas, com a elevação de preços para os cofres públicos, como também propinas teriam sido distribuídas de modo a facilitar negócios com o governo estadual, em contratos envolvendo Metrô e CPTM.

Ainda que o escândalo recaia sobre diversas administrações tucanas --de Mário Covas a Geraldo Alckmin, passando por José Serra--, os nomes investigados diretamente mantinham-se em posições de menor visibilidade política.

Com o novo depoimento de um ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, o caso parece ter subido a outro patamar.

Dois membros do primeiro escalão do governo Alckmin (seu chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, do PSDB, e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia, do DEM) e dois deputados (um federal, Arnaldo Jardim, do PPS, e outro estadual, Campos Machado, do PTB) agora são acusados de receber propina.

A suspeita em relação aos quatro ainda é preliminar, até porque decorre, por ora, de um único acusador cujo comportamento tem se mostrado no mínimo sinuoso.

De todo modo, o juiz federal encarregado do caso decidiu, dada a menção a deputados federais (que têm foro privilegiado), enviar a investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

De imediato, isso significa a interrupção das apurações até fevereiro, dado o recesso daquela corte. Crescerá, enquanto isso, a expectativa de que o STF não mostre critérios diferentes, num escândalo envolvendo tucanos, daqueles que aplicou ao mensalão petista.

Os casos têm, naturalmente, características específicas que os distinguem. Uma semelhança, entretanto, pode ser desde já intuída: dada sua complexidade, tudo leva a crer que ocupará ainda, por anos, a habilidade dos advogados, a pertinácia do Ministério Público, as atenções da imprensa e a experiência, que infelizmente sempre cresce nesse tópico, dos ministros do Supremo Tribunal Federal.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página